Desembargador diz que denúncia contra ele no CNJ é ato de vingança e nega relações espúrias com denunciados

Erivan Lopes foi denunciado ao CNJ por Promotor de Justiça

Por Lucas Sousa e Wanderson Camêlo,

Atualizada às 11h46

O desembargador Erivan Lopes, do Tribunal de Justiça do Piauí, concedeu entrevista coletiva à imprensa nesta sexta-feira (28) e se disse vítima de uma vingança por parte do promotor de justiça de Luís Correia, Galeno Aristoteles Coêlho. 

Desembargador Erivan Lopes (Foto: Lucas Sousa/Portal AZ)

O membro do MP fez denúncia ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o desembargador por suposto envolvimento com denúncias de cometimento de infração disciplinar.

O promotor faz ligação de Erivan Lopes com as denúncias de supostas práticas de grilagem em Luís Correia. O magistrado teria adquirido terreno na praia e, coincidentemente, aparece concedendo medida cautelar para evitar a prisão, pelo Gaeco, de Luís Neto, um dos denunciados pelo Ministério Público no âmbito da Operação Terras Nullius, deflagrada no último dia 28 de maio. 

No rol da denúncia de Galeno, aparecem também Manoel Barbosa do Nascimento Filho e Caio Cézar Arêa Leão Barbosa, titulares do cartório da cidade de Luís Correia. 

Em sua defesa, o desembargador acusa o promotor de atuar em conluiou com um ex-procurador do município para obter decisões favoráveis a si.  Erivan negou ainda ter cometido qualquer infração funcional em diálogos entre ele e o proprietário do cartório beneficiado com sua decisão judicial. "O objetivo dessa reclamação é me afastar dos processos, porque eu sou ou fui um obstáculo à fúria vingativa dele contra o Madson Roger Silva Lima e Luís Neto (dois investigados)”. declarou.

Desembargador em coletiva (Foto: Lucas Sousa/Portal AZ)

"Chega no meu gabinete, no plantão, dois Habeas Corpus, em que nenhum o Valdemar faz parte, e nem o seu Manoel Barbosa faz parte. O Habeas Corpus envolve o Luís Neto e Madson. Como havia ilegalidade nas determinações judiciais, eu concedi a ordem de Habeas Corpus, parcialmente, substituí a prisão preventiva por medidas cautelares. O promotor Galeno ficou desagradado com essa decisão e num ato de vingança teria entrado com reclamação no CNJ em que imputa pauta disciplinar a mim, porque, segundo ele, eu teria forjado o registro desse imóvel junto com o Manoel, com quem eu mantenho uma relação espúria. Primeiro, nem o telefone do Manoel eu tenho. Segundo, esse Manoel foi a mesma pessoa que eu afastei do cartório, porque ele foi pra lá em uma permuta ilegal. Então, como é quem tem aí uma relação espúria com uma pessoa que eu mesmo afastei?", indagou o magistrado.

Valdemar Rodrigues, ex-secretário de Meio Ambiente de Teresina, foi quem vendeu o terreno na praia ao desembargador do TJ. Ele também esteve presente na coletiva para prestar esclarecimentos e prometeu tomar "todas as medidas cabíveis contra o promotor", que o acusou na reclamação de ter feito uma "negociata" com o desembargador Erivan Lopes.

“Quando eu soube, me senti extremamente ofendido por parte desse promotor, que disse que eu estaria fazendo uma negociata. Eu que tenho um passado conhecido por todos aqui em Teresina estaria fazendo uma negociata e, ainda mais, com um desembargador do caráter que o desembargador Erivan tem. Eu me senti extremamente revoltado e vou tomar as medidas cabíveis porque não sou de fazer negociata com ninguém”, afirmou o ex-secretário.

Valdemar Rodrigues compareceu a pedido de Erivan Lopes (Foto: Wanderson Camêlo/Portal AZ)

Erivan Lopes acredita ainda que, com os documentos que deve apresentar em sua defesa, o CNJ nem deve sequer conhecer a denúncia feita pelo promotor contra ele e deve acionar a corregedoria do MP e o Conselho Nacional do Ministério Público contra o promotor Galeno.“Eu estou sendo vítima de uma calúnia e calúnia é crime, vou tomar as medidas cabíveis e acionar a corregedoria do MP contra ele”, disse.

"Se eu não tivesse concedido essas liminares desses Habeas Corpus, ninguém estaria colocando em dúvida a licitude do negócio jurídico que eu fiz com o Valdemar", disse Erivan Lopes, finalizando a coletiva de imprensa. 

Assista ao vídeo:

Entenda o caso 

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em conjunto com a Polícia Civil do Piauí deagrou as operações Terra Nullius e Sal da Terra em 28 de maio desse ano. 

As equipes deram cumprimento a dez mandados de busca e apreensão e a um mandando de prisão. As operações tinham como objetivo, respectivamente, apurar a prática de grilagem de terras e investigar a formação de milícia armada, no município de Luís Correia.

Entre os alvos da operação foi citado o empresário Luís Nunes Neto, esposo da delegada Cassandra Moraes Sousa, lha do prefeito de Parnaíba, Mão Santa. A Polícia Civil fez buscas em um apartamento de luxo na zona Leste de Teresina, mas ele não chegou a ser localizado e ainda foragido, conseguiu habeas corpus anulando as prisões, assinado por Erivan Lopes.

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