Presidente de Portugal reconhece dívida pela escravidão e colonização

Marcelo Rebelo de Sousa falou em responsabilidade histórica durante jantar com jornalistas

Por Carlos Sousa,

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, durante um jantar com jornalistas estrangeiros, fez declarações inesperadas ao afirmar que o país deve assumir a responsabilidade pelos custos da escravidão e da colonização de nações como o Brasil, Angola e Moçambique.

Foto: Reprodução/InternetMarcelo Rabelo de Sousa
Marcelo Rabelo de Sousa, Presidente de Portugal

Rebelo de Sousa enfatizou a necessidade de Portugal assumir "total responsabilidade" pelos erros cometidos durante o período colonialista, destacando a importância de reparar danos históricos. Esta posição contrasta com a histórica negação de Portugal em tratar deste tema, de compensação pela exploração colonial e pelo sequestro e escravidão de africanos.

Segundo estimativas, Portugal traficou mais de 6 milhões de africanos ao longo de quase quatro séculos, a maioria destinada ao Brasil. Os escravizados foram submetidos a condições desumanas, incluindo tortura e exploração em lavouras e minas de ouro.

As declarações de Rebelo de Sousa são vistas como uma ruptura significativa, especialmente considerando que a maioria da população portuguesa historicamente negava os abusos cometidos durante o período colonial. Nos livros de história utilizados nas escolas, Portugal é frequentemente retratado como uma potência desbravadora, enquanto o passado escravagista é ignorado, uma posição considerada racista por especialistas.

Rebelo de Sousa destacou que mais do que pedir desculpas, é fundamental assumir responsabilidades e compensar pelos crimes cometidos. No entanto, ele observou que o racismo e a xenofobia têm crescido em Portugal, especialmente em relação aos estrangeiros, muitos dos quais são oriundos de ex-colônias. Este fenômeno é impulsionado, em parte, pela extrema-direita, que glorifica o período colonialista português como uma época de grandeza nacional.

Fonte: Correio Braziliense

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