Releia os relatos e histórias sobre Arimatéia Azevedo

Releia os relatos e histórias sobre Arimatéia Azevedo

A coluna desta segunda-feira (25) é com trechos dos artigos que foram escritos ao longo da semana pelos amigos e colegas de profissão do jornalista Arimatéia Azevedo. Há 18 dias o colunista do Portal AZ encontra-se preso na Penitenciária Irmão Guido, sob acusação de suposta extorsão, em um processo sem provas que liguem o profissional ao crime.

Uma coluna para Ari Azevedo

Foi a jornalista Tânia Martins que me levou ao mundo do jornal impresso. Primeiro para uma experiência de uma semana no Jornal da Manhã. Neófito, não gostei do clima de animosidade bastante comum naquela redação. Tânia foi para o Meio Norte e duas semanas depois segui novamente seus passos. Nosso chefe era um jornalista magro, de óculos, que se enfurnava no fundo da redação, numa pequena sala. Um computador, um telefone e uma garrafa de café eram suas companhias. Era setembro de 1995, eu tinha 29 anos, e meu novo chefe era Arimatéia Azevedo, ou Ari, como preferia ser chamado. Ele tinha um celular Motorola, o primeiro que vi.

A história da imprensa piauiense perpassa pela atuação de Arimatéia Azevedo    

Primeira vez que eu adentrei ao Portal AZ fiquei a observar as páginas de jornais emolduradas em quadros e penduradas nas paredes da sala da recepção, eram recortes de matérias sobre o período das denúncias feitas por Arimatéia Azevedo contra o crime organizado. Em um dos títulos estava escrito: “A Polícia virou caso de polícia”, texto assinado pelo jornalista, referindo-se ao esquema criminoso envolvendo a polícia militar do Piauí na década de 1990.

Estávamos no ano de 2005, os portais de notícias ainda eram poucos no Piauí, não existiam os smartphones e o acesso à internet era limitado ao computador e com transmissão lenta. O Portal AZ estava consolidado pelo seu pioneirismo e, principalmente, pela credibilidade do nome de seu idealizador, Arimatéia Azevedo. 

Nova prisão do jornalista Arimatéia Azevedo cheira a Lawfare    

Ao que parece, o jornalista Arimatéia Azevedo, dono do Portal AZ, está sendo vítima de uma perseguição chamada de "Lawfare", palavra de origem inglesa que significa a utilização da lei e dos procedimentos legais pelos agentes do sistema de justiça para perseguir quem seja declarado inimigo.

No dia 7 de outubro, acordei com a notícia de nova prisão do jornalista. Não vou entrar no mérito da questão, mas nem de longe, muito longe, pode se comparar o jornalista com indivíduos criminosos, alvos de todo tipo de acusação e com crimes comprovados e que nunca prestaram contas de seus atos à Polícia ou à Justiça e estão livres leves e soltos.

A sujeira eterna dos que lavam as mãos    

É o que vemos agora: o jornalista Arimateia Azevedo está sendo vítima de uma recorrente omissão. Bacias e mais bacias se colocam à frente das mãos dos muitos que podem atestar ações que o livrem de um decreto de prisão desarrazoado. Todos lavam suas mãos macias e pensam fazê-las limpas do odor fétido que a omissão causa ao condenar uma pessoa ao sacrifício de uma prisão baseada em uma ação que não se sustenta.

Gostaria muito de ser crente em coisas como o Juízo Final, aquele julgamento universal que a tradição judaico-cristã e islâmica prega. Nele serão salvos os justos – os que se postam ao lado de quem pregou não atirar a primeira pedra sobre a mulher pecadora; e serão condenados ao fogo eterno os que lavam as mãos para não as fazer limpas, mas sim sujas pela injustiça. 

Pela liberdade de Arimatéia Azevedo    

Como filha de jornalista que sou, cresci no meio deles, nutrindo pelos que abraçaram esse métier, muitas vezes ingrato, grande admiração. Aprendi desde cedo a distinguir os “bons”, os que se destacavam pela competência, coragem e senso profissional, requisitos que identificava no meu pai e naqueles mais próximos. Tipo “matéria atrai matéria”, trazido dos postulados da Física para a vida.

Mas eu não estou aqui para falar de Wilson Fernando, infelizmente pouco lembrado nos quase 30 anos de sua ausência (deve ser normal). Conhecendo-o bem, me deixo hoje imaginar sendo um pouco a sua “pena”, diante da injustiça que atinge um companheiro de batente, certamente merecedor da sua amizade e respeito. E o faço ainda por um dever de ofício, já que também me tornei jornalista.

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