Direto da Redação: a oposição que se rende após a eleição

Dos oito deputados eleitos em oposição a Rafael, só ficou um. Os outros…

Oposição morta

O Piauí – e certamente outros estados do país – assiste a um fenômeno político que é o de haver um descompasso entre o tamanho do eleitorado insatisfeito com o governo ou que não votou no governo de turno e a dimensão da oposição política a esse governo representada no parlamento.
Em 2022, a oposição ao atual governo do Piauí elegeu oito deputados estaduais. Há somente um hoje na bancada que se contrapõe ao Palácio de Karnak.
Nem durante a feroz ditadura militar brasileira havia uma oposição parlamentar tão esmaecida ao governo estadual.

Foto: alepi
Nessa casa se faz de tudo, mesmo oposição. O jogo é pesado e custa caro

Oposição eleitoral

O percentual de eleitores insatisfeitos com o governo – qualquer governo, em qualquer época – é sempre considerável. Há que haja quem os lidere. Não no Piauí. Aqui, a imensa maioria dos que fazem política quer sempre a proteção da frondosa árvore governista; o sol é para os tolos, a sombra, para os espertos.
Faz-se, se muito, uma oposição eleitoral, porque, afinal, o rebanho de ovelhas antigovernistas precisa ser conduzido quando da eleição.

Foto: Reprodução
Wellingtona Dias e o filho: a iniciação do rebento para a vida pública. O salario, ó…

Histórico

Em 2002, quando, surpreendentemente, Wellington Dias (PT) venceu a eleição contra Hugo Napoleão, ele teve 50,96% dos votos válidos ante 44,07% do adversário, aboletado no Palácio de Karnak após a cassação de Mão Santa sob acusação de corrupção eleitoral.
No limite, 44,07% dos eleitores não validavam o novo governante, que não fez maioria entre os deputados estaduais, mas, antes de assumir o mandato, já controlava o Legislativo.
Seguiu-se assim: a cada eleição, de 2002 até aqui, o governante de turno no Karnak trabalha não para ter a maioria, mas todos os deputados estaduais lhe aplaudindo.

Preocupante

Em 2022, o atual governador do Piauí obteve 57,17% dos votos – ante 41,62% de Sílvio Mendes. Numa leitura bastante objetiva, temos o fato de haver quatro em dez eleitores insatisfeitos com o governante anterior, já que Rafael Fonteles sucedeu a Wellington Dias no Palácio de Karnak, este quase derrotado para senador, obtendo 51,34% dos votos ante 47,60% do desconhecido Joel Rodrigues.
Passados três anos, pela indisposição de se fazer oposição ao governo, até parece que 41,62% dos votantes não escolheram seguir com o adversário do atual governador.

Foto: Divulgação
Rafael Fonteles governa  céu de brigadeiro. Sem oposição. Mas o Piauí paga caro

Sem voz

É claro que a oposição existe, é claro que é latente, mas é também evidente que é inerte, movendo-se muito mais na direção do governo, como fez recentemente a deputada Gracinha Mão Santa, que, na direção oposta, no lugar que as urnas lhe reservaram, deveria se contrapor ao governo.
Pode-se dizer sem medo que estão sem voz a lhes representar 4 em cada 10 eleitores do Piauí que, quatro anos atrás, disseram não ao governo.

A casa e o comprador

Uma casa espetacular, das mais modernas e mais novas de Barra Grande, acabou de mudar de mãos e de dono.
O proprietário anterior não resistiu à proposta de alguém forte do atual governo, que ofereceu R$ 2 milhões pelo imóvel, em pagamento à vista. Cash, of course. Dizem que o comprador entende muito de estradas. Quem seria?

Ah…

Se ninguém ainda se ligou para saber quem é esse afortunado, basta lembrar que ele é o mesmo que comprou luxuoso apto no Rio e botou no nome do sogro.
Os jornalistas da coluna confessam que ainda não descobriram quem é.

Repercutiu enormemente o editorial

A casa e o comprador

Uma casa espetacular, das mais modernas e mais novas de Barra Grande, acabou de mudar de mãos e de dono.
O proprietário anterior não resistiu à proposta de alguém forte do atual governo, que ofereceu 2 milhões de reais pelo imóvel, em pagamento à vista. Cash, of course. Dizem que o comprador entende muito de estradas. Quem seria?

O editorial

Repercute enormemente o editorial “Deus, o cabo eleitoral invisível”, que expõe uma trama ou, como se diz no popular, uma jogada de Wellington Dias de colocar o filho, Vinícius, na política.
O rapaz usa o nome de Deus (como o pai faz) para dizer se será ou não candidato a vice (entrando por cima).

O final do editorial

“Eleitor não espera que seus líderes escutem vozes do além. Espera que escutem sua voz aqui. A do ônibus lotado, da fila do hospital, da escola sem merenda.
Porque, ao fim, Deus pode até ter planos — mas quem escolhe, quem vota, quem paga a conta continua sendo o povo.
E o povo, convenhamos, anda farto de profetas em campanha.
E abomina os gigolôs de contracheques públicos.”

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