A esperteza do senador
No último domingo, em entrevista à Folha de S.Paulo, o senador Flávio Bolsonaro — num arroubo que incluiu a ideia tresloucada de “usar a força” contra o STF — deixou escapar que “Ciro Nogueira é um ótimo nome para vice-presidente”. A declaração caiu como granada sem pino: repercussão negativa de um lado, silêncio cúmplice do outro.
O vice de Michele
Só que há um detalhe picante: Ciro já anda dizendo aos íntimos que seu sonho mesmo é ser vice de Michele, a madrasta de Flávio. Sim, senhoras e senhores: o enteado fez propaganda voluntária para o político que preferiria acompanhar a madrasta ao altar do Planalto.
Se isso não é roteiro de telenovela sul-americana, nada mais é.
Michele, mascote
O arranjo perfeito na cabeça de Ciro é simples como um versículo bem escolhido: Michele vira mascote presidencial, ele assume o manche do governo, e a família Bolsonaro ganha sobrevida eleitoral sem precisar se entender nem entre si.
Nada como um Centrão bem azeitado para transformar conflito doméstico em coalizão de poder.
Projeto dele
Então, que se diga com todas as letras: se Michele for a presidente, o verdadeiro projeto não é dela. É dele. E o Brasil estaria, mais uma vez, nas mãos de quem nunca saiu do poder — só mudou de disfarce. Enquanto o clã resolve suas pendências de mesa de jantar, Ciro ensaia para comandar o banquete institucional inteiro.
Oração é protocolar
Preparem-se: pode estar a caminho um governo em que a oração é protocolar, o discurso é ornamental e o vice — esse sim — é quem segura a chave do cofre e o controle remoto da República. O Centrão, enfim, coroado, pintaria o Palácio do Planalto com as cores da federação e rebatizaria o país de República da Negociação Permanente.
Não, Marcelo! 1
Em editorial na sua edição impressa desta segunda-feira, o jornal O Estado de S. Paulo critica duramente a PEC da reforma eleitoral, com texto final assinado pelo senador Marcelo Castro (MDB), que se vangloria em ser especialista em estradas.
Não, Marcelo! 2
Diz o Estadão que o Brasil não precisa de uma reforma eleitoral, mas de uma reforma política, classificando a proposta em curso como uma ideia que atende aos interesses de quem tem mandato atualmente, bagunçando eleições e agravando a má qualidade da representação política no país.
Elmano
O PP quer convencer o ex-senador Elmano Ferrer a disputar uma vaga de deputado federal em 2026.
A ideia é que haja um número crescente de candidatos para garantir que o partido faça votos suficientes para garantir os atuais ocupantes de vagas, Júlio Arcoverde e Átila Lira e, com otimismo, garantir uma terceira vaga.
Jadyel vai pra onde?
Abrigado no Republicanos após sair do PV, Jadyel Alencar precisa cortar um dobrado para garantir chances de renovar seu primeiro mandato de deputado federal.
No Republicanos, sua chance só existe se o partido fechar uma federação com o MDB.
Desenho ruim
Uma federação do MDB com o Republicanos é boa para Jadyel, para Castro Neto, filho de Marcelo Castro, e ruim para Júlio César, que quer ser candidato a senador e deixar o filho Georgiano Neto candidato a deputado federal.
Isso porque no Piauí MDB e PSD têm uma espécie de coligação cruzada, por meio da qual se elegem deputados federais pelo segundo e estaduais pelo primeiro partido.
Do lado de lá
O que será que o PP vai fazer com os vereadores parnaibanos Batista do Catanduvas, Neta Castelo Branco e Edcarlos Gouveia, que no fim de semana deram as caras em Piracuruca para dizer que votam em Marcelo Castro (MDB) para senador?
Produto de compra 1
Vereador é o produto de compra de Marcelo Castro.
Basta ver a distribuição de dinheiro que ele fez com os de Teresina.
Assinalou-se que, no combo dos R$ 45 milhões que ensaiou para obras em Teresina, se falou que num único almoço, pelo menos uns 18 dos atuais 29 teriam recebido envelopes com R$ 100 mil.
Produto de compra 2
E assim Marcelo Castro age no interior.
Os valores variam de acordo com o poder e capacidade do vereador de lhe prometer os votos.
Quanto esses três do PP de Parnaíba receberam, ainda não se sabe.
O despacho
O ministro Flávio Dino, do STF, depois de transitada em julgado a extradição do holandês Gerel Lusiano Palm (Ext 1626), resolveu expedir ofício ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, para que forneça informações sobre o pedido de refúgio do preso.
O despacho 2
Gerel é considerado uma lenda viva do mundo do crime, e tem quem diga que é o maior traficante da América do Sul em atividade. Mesmo assim, Dino deferiu o pedido da defesa para que o Reino
dos Países Baixos, informe o “motivo pelo qual a polícia neozelandesa deslocou os familiares de GEREL
para abrigo com proteção policial, assim como os riscos a que estão submetidos tanto o extraditando quanto seus familiares".
Enquanto isso…
Ora, se a decisão já é definitiva, nem caberia discutir asilo para um traficante, porque as razões não são compatíveis com os atos criminosos de que é acusado o holandês.
E, se existem problemas em relação à segurança do extraditando, isto é um problema da Holanda, não é mesmo?
Só no MT??
Dizem por aí que existem mais seis estados na mira das investigações que envolvem desvios de verbas de emendas parlamentares.
Será que a polícia vai investigar também a qualidade das estradas que são construídas no interior do Piauí, pelos órgãos estaduais, ou as rodovias federais, sob o patrocínio e batuta de recursos generosos do governo federal?
Aí, sempre tem…
A faixa amarela
Quem se dirigir para Pedro II, agora, no Festival de inverno, vai encontrar a estrada toda refeita, no trecho entre Altos e Campo Maior, mas, em contrapartida, quase todo sem a sinalização devida. Será que um pouquinho daquele dinheiro da Ferrari não seria suficiente para colocarem as faixas que orientam o tráfego e salvam vidas?
Olha a PF no rastro dessa gente.
A escrita
Uma narrativa idônea e profunda, que foi publicada no Diário do Povo, e leva a assinatura do publicitário Fabio Sérvio, deve causar muitas preocupações ou, no mínimo, algumas noites sem dormir ao governador Rafael Fonteles.
Os garotos
A análise de Sérvio, objetiva e inteligente, traz um alerta ao governador dizendo, em outras palavras, que o seu entorno até pode lhe ser obediente, mas nada entende de política para fazê-lo obter um novo mandato, especialmente com a queda de Lula, que foi o seu principal fiador, em 2022. Atentai.