BOM DIA, IRMÃS
BOM DIA, IRMAOS
O BECO DA MÃO DE OBRA
Todo dia entre 11 e 12 horas aparece o anjo neste beco das oficinas, onde fede a cachorro e pneu queimado e a cola de sapateiro e fralda ensaboada. Sim, é exatamente aí que aparece o mensageiro. Os anjos preferem esta hora do meio-dia.
Pontualmente como o empregado do correio, batendo as asas ao vento do meio-dia, aterrissa o anjo na calha do telhado, onde mora o sapateiro aleijado.
O anjo sente falta dele que ha pouco ainda vendia cardaço na cadeira de roda e ao mesmo tempo jogava
milho para os anjos que moram aos bandos na torre da matriz.
Agora, porém, ja que o toco da perna cria pus e não tem mais esperança, como diz o medico, o mesmo anjo vem
a ele, que, já acamado, espera pelo fim e anseia pelo mensageiro.
Ele sabe o que anjo gosta de comer e dá para ele semente de papoula e grão de centeio. Capricha no almoço para ver se o anjo não falte.
E ele vem, todo dia entre 11 de 12 horas neste beco , onde fede a cachorro e borracha queimada, a água de sabão e fralda e cola de marceneiro. Sim, ele vem com a pontualidade de um funcionário do correio, sem chamar atenção, cinzento azulado, balançando a cabeça, sendo servido pelo sapateiro, e diz ao pé do ouvido aquilo que consola. Ele traz o que o homem precisa: esperança, o sol acima dos telhados, a sombra da tarde e por fim a última hora . AMEM
Rudolfo Otto Wiemer
Tradução frei Adolfo