A empresa francesa Imerys, já envolvida em batalhas judiciais devido a danos ambientais relacionados às suas operações de talco, está mais uma vez no centro de graves acusações. Documentos apresentados em um processo em andamento em Nova York revelam que a empresa, que já enfrentou processos por violações ecológicas e sanitárias na maior mina de talco do mundo, agora é acusada de descumprir obrigações ambientais e sociais em suas operações de mineração de caulim no Brasil.
Essa não é a primeira vez que a Imerys é acusada de ignorar as consequências de suas atividades industriais. Desde 2018, a empresa tem enfrentado ações judiciais relacionadas à sua produção de talco, na qual teria causado impactos significativos à saúde pública e ao meio ambiente. Cerca de 12.000 pessoas moveram processos alegando que o talco contaminado por amianto teria causado graves danos à saúde.
Ao mesmo tempo, relatórios indicam que a extração de talco provocou vazamentos tóxicos em rios na França, agravados por infraestrutura inadequada e condições climáticas adversas. Em ambas as situações, a negligência foi apontada como a principal responsável pelos desastres.
Agora, novas denúncias sugerem que o mesmo padrão de irresponsabilidade se repete na exploração de caulim no Pará. O processo alega que a Imerys descumpriu sistematicamente obrigações essenciais para mitigar os impactos ambientais e sociais de suas atividades. Relatórios indicam danos severos aos ecossistemas locais, além de violações diretas da dignidade e dos direitos básicos das comunidades que vivem próximas à mina.
As consequências dessa suposta negligência foram imediatas. Na última primavera, apenas alguns dias após a Imerys vender a mina ao grupo americano Flacks Group, as autoridades determinaram o fechamento do local devido ao não cumprimento de obrigações regulatórias. Desde então, o novo proprietário se comprometeu a corrigir as falhas deixadas pela Imerys, garantindo a recuperação ambiental e a assistência às populações afetadas como parte dos esforços para reabrir a mina.
O escândalo em desenvolvimento levanta questões urgentes sobre a responsabilidade corporativa e a fiscalização do setor de mineração. Com um histórico de batalhas judiciais e controvérsias ambientais, a Imerys se vê mais uma vez sob escrutínio por suas práticas.
Se as acusações forem confirmadas, este novo caso pode manchar ainda mais a reputação da empresa, reforçando preocupações de que seus compromissos com a sustentabilidade e a responsabilidade social existem apenas no papel.
Para as comunidades impactadas, no entanto, os danos vão muito além da imagem corporativa. A luta legal por justiça e responsabilização continua, à medida que as populações afetadas buscam reparação pelos danos ambientais e pelo sofrimento humano causados pelas operações da Imerys.