Choque de realidade na Copa do Mundo de Clubes: Brasil vira jogo contra europeus

Os times brasileiros estão invictos
Foto: Wikimedia Commons
Mundial de Clubes

A nova edição da Copa do Mundo de Clubes tem sido tudo menos previsível. A expectativa, como em outras edições internacionais, era ver os gigantes europeus dominarem o torneio com sobras. Mas o que se viu nos gramados dos Estados Unidos foi uma guinada que pegou especialistas, torcedores e até os próprios clubes de surpresa: os times brasileiros estão invictos e, mais do que isso, derrotando potências europeias com autoridade.

O Botafogo venceu o PSG — atual campeão da Champions League — por 1x0 em Pasadena. Já o Flamengo bateu o Chelsea por 3x1, em um jogo que marcou não só a superação tática, mas também a confiança de um elenco em alta. Esses resultados inesperados, somados às campanhas consistentes de Palmeiras e Fluminense, reacenderam a autoestima sul-americana no cenário global. Nas redes sociais e até entre os Melhores apps de apostas 2025, o favoritismo europeu começou a ser questionado com força.

Em um torneio que se desenhava como mais uma vitrine para os bilionários do Velho Continente, os clubes brasileiros trouxeram à tona um recado direto: o futebol sul-americano ainda tem alma, talento e capacidade de competir de igual para igual — ou até superar — os maiores do mundo.

Botafogo 1x0 PSG: a maior vitória do clube no século

O estádio Rose Bowl, em Pasadena, testemunhou um feito histórico. O Botafogo enfrentava o PSG, campeão europeu e repleto de estrelas, e saiu com a vitória por 1x0. O gol foi marcado por Igor Jesus, símbolo de um time que apostou na organização, intensidade e frieza para controlar o jogo. O técnico Artur Jorge foi elogiado internacionalmente por sua postura estratégica e pela forma como neutralizou o adversário francês.

O resultado foi tratado como uma “zebra”, mas a atuação foi tudo menos isso. O Botafogo não se limitou a se defender: criou chances, marcou alto em alguns momentos e soube sofrer quando necessário. Em uma competição que costuma exibir o abismo financeiro entre os continentes, o time carioca mostrou que preparo tático, confiança e trabalho bem executado ainda têm grande valor no futebol de alto nível.

Flamengo 3x1 Chelsea: intensidade e maturidade tática

A atuação do Flamengo contra o Chelsea foi, talvez, o maior símbolo do que os clubes brasileiros representam nesta edição. Após sair atrás no placar com gol de Pedro Neto, o rubro-negro reagiu com autoridade. Bruno Henrique, Danilo e Wallace Yan marcaram para a equipe brasileira, que também aproveitou a expulsão precoce de Nicolas Jackson, atacante dos Blues, para controlar o jogo com ainda mais domínio.

Filipe Luís, treinador do Flamengo, tem sido apontado como uma das grandes revelações da competição. Seu time apresentou equilíbrio defensivo, criatividade no meio e confiança para explorar os espaços deixados por um adversário desorganizado. A imprensa inglesa classificou o desempenho do Chelsea como "apático", enquanto o Flamengo foi elogiado por "executar um plano de jogo perfeito".

Invencibilidade brasileira: quatro clubes, quatro campanhas sólidas

Além de Botafogo e Flamengo, o Palmeiras e o Fluminense também seguem invictos. O Palmeiras, com Abel Ferreira no comando, venceu e empatou seus dois primeiros jogos, demonstrando o mesmo padrão tático que o tornou temido no futebol sul-americano. Já o Fluminense, mesmo sem Diniz à frente, manteve sua proposta ofensiva e acumulou pontos importantes no Grupo B.

Ao todo, os clubes brasileiros somam cinco vitórias e três empates na fase de grupos até o momento. Nenhuma derrota, vários gols marcados e uma crescente confiança coletiva. Os desempenhos vão além dos números: refletem times com proposta de jogo definida, condicionamento físico adequado e, principalmente, mentalidade competitiva em alto nível.

Calendário invertido e o desgaste europeu

Historicamente, o Mundial de Clubes acontecia no fim do calendário sul-americano, pegando nossos times no auge físico e entrosamento. Já os europeus estavam no meio da temporada, ainda em construção. Em 2025, o cenário mudou. Os clubes da Europa chegaram ao torneio no fim de sua temporada, muitos em queda física, enquanto brasileiros e argentinos ainda estão na metade do ano competitivo, porém com volume de jogos superior. 

A ironia é que mesmo estando teoricamente "menos desgastados", os europeus encontraram dificuldades em lidar com o ritmo intenso e a densidade tática dos sul-americanos. Além disso, a crítica à maratona brasileira precisa ser relativizada: times como Flamengo, Botafogo e River Plate já disputaram mais jogos em 2025 do que PSG ou Chelsea.

Calor nos EUA: nova dor de cabeça para os europeus

Outro fator essencial para entender o contexto deste Mundial é o clima. O verão nos Estados Unidos tem exposto os clubes europeus a temperaturas superiores a 35 °C, com alta umidade. Marcos Llorente, do Atlético de Madrid, declarou sentir dores nos pés pelo calor excessivo. No jogo do Borussia Dortmund, os reservas se abrigaram debaixo de sombrinhas e ventiladores portáteis.

Enquanto isso, os clubes brasileiros, acostumados à oscilação térmica do próprio país, tiram vantagem da adaptação. No Brasil, um clube pode jogar com 8 °C em Porto Alegre e 33 °C em Recife no intervalo de três dias, cruzando o país em voos de mais de 3 800 km. Essa rotina forjou uma capacidade de adaptação que agora pesa a favor em um torneio com sede nos EUA.

Caminhos possíveis: Flamengo classificado e Botafogo na briga

Com os resultados da semana, o Flamengo garantiu vaga antecipada nas oitavas de final. Já o Botafogo depende apenas de um empate na última rodada para avançar. Palmeiras e Fluminense também estão em posição confortável, precisando apenas administrar seus resultados para se manterem entre os classificados.

A expectativa agora é pelas definições dos confrontos eliminatórios. Caso os clubes brasileiros mantenham o ritmo, é possível imaginar mais de um representante sul-americano nas semifinais — algo que não acontece há décadas em competições intercontinentais com formato ampliado.

Um novo cenário global: a reconexão do futebol com sua raiz competitiva

O que está em jogo nesta Copa do Mundo de Clubes vai além de classificações ou troféus. O que se vê é um resgate da competitividade entre continentes, um lembrete de que o futebol não se resume a cifras e estrelas midiáticas. Times bem organizados, com treinadores competentes e elencos comprometidos, ainda podem — e devem — desafiar a lógica financeira do esporte.

Se o torneio terminar com ao menos um brasileiro entre os quatro melhores, isso já será um marco simbólico. Mas se for além, e um título vier, será o ponto de virada que o futebol sul-americano tanto buscava. O recado já foi dado — agora, falta escrevê-lo na história.

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