Origem do feminismo

Como e onde começou?

Origem do feminismo: como e onde começou?

A origem do feminismo é um assunto que interessa a cada vez mais pessoas. Afinal, este é um movimento de grande importância para a sociedade como um todo - e em especial para as mulheres. Além disso, a causa cresce cada vez mais, atraindo adeptos, apoiadores e conscientizando um número exponencial de pessoas sobre suas ideias. 

No Brasil, a literatura feminista ainda é menos vasta que em outros idiomas, o que, inclusive, motiva muitas pessoas a fazerem um curso de inglês. No entanto, você pode encontrar excelentes conteúdos em língua portuguesa, seja em livros ou na internet.

Neste texto, você irá conhecer melhor sobre as origens do feminismo. Afinal, como e onde ele começou? Quais foram seus passos até chegar no Brasil? Fique por dentro a seguir. 

A origem do feminismo e sua primeira onda

Segundo Céli Regina Jardim Pinto em seu dossiê “Feminismo, História e Poder”, o feminismo na história ocidental tem uma origem imprecisa enquanto ideal. Afinal, desde tempos imemoriais as mulheres se rebelam contra suas condições e lutam por liberdade - muitas vezes pagando com a própria vida. 

Um exemplo relativamente recente (do ponto de vista histórico) está na Idade Média. Durante este período, a inquisição católica perseguiu duramente mulheres que, de alguma forma, desviavam da conduta e dos dogmas pregados pela Igreja - e por ela considerados insofismáveis.

Todavia, essas formas de revolta e consequentes perseguições não se configuravam como um movimento organizado. A primeira onda feminista teve início nas últimas décadas do século XIX, no contexto industrial e vitoriano da Inglaterra. Foi ali que as mulheres se organizaram para lutar por seus direitos em diversos níveis - domésticos, trabalhistas e, especialmente nesta etapa, pelo direito ao voto. 

As chamadas sufragetes promoveram diversas manifestações em Londres, nem sempre de forma pacífica. Tiveram que lidar com a repressão policial e a falta de apoio da população masculina - muitas foram presas e tantas outras fizeram greves de fome.

Em 1913, a feminista Emily Davison realizou um protesto durante a famosa corrida de cavalos em Derby, atirando-se contra o cavalo do rei. Sua morte inflamou ainda mais o movimento e, em 1918, o direito ao voto foi conquistado no Reino Unido. 

A origem do feminismo no Brasil

O movimento feminista começou a ganhar forças no Brasil no início do século XX, também pautado pelo direito ao voto. As sufragistas brasileiras foram lideradas por Bertha Lutz, cientista e bióloga de grande importância que havia estudado no exterior e retornado ao país na década de 1910, com os ideais feministas que aprendera lá fora. 

Bertha foi uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, instituição esta de papel preponderante na campanha pública pelo voto - foi esta federação a responsável por levar, em 1927, um abaixo-assinado ao Senado, pedindo a aprovação do projeto de lei que dava direito de voto às mulheres. Todavia, ainda levariam mais 5 anos para a vitória da causa: o sufrágio veio apenas em 1932. 

As operárias anarquistas

As operárias de ideologia anarquista formaram outro grupo de importante destaque na primeira onda do feminismo brasileiro. Reunidas na “União das Costureiras, Chapeleiras e Classes Anexas”, elas divulgaram um manifesto já em 1917 sobre suas condições de trabalho. Em um trecho dele, elas afirmam: “Se refletirdes um momento vereis quão dolorida é a situação da mulher nas fábricas, nas oficinas, constantemente, amesquinhadas por seres repelentes”.

A segunda onda feminista

Depois de um forte movimento inicial da primeira onda, o feminismo perdeu forças ao redor do mundo, incluindo Estados Unidos, Brasil e Europa, a partir da década de 1930. Ele só teria um novo impulso na década de 1960, influenciado pelo livro “O Segundo Sexo”, de Simone de Beauvoir. Publicado pela primeira vez em 1949, nele a pensadora crava uma das máximas feministas - sustentada até os dias atuais: “não se nasce mulher, se torna mulher”.

Os anos 1960 foram marcados por uma combinação intensa para diversos tipos de movimentos, protestos e revoluções. Como cenário, temos a Guerra do Vietnã e as inúmeras revoltas.  Movimentos de cultura e contracultura também engrossaram o contexto, envolvendo um grande número de jovens que desejavam um mundo (e um futuro) diferente. 

O movimento hippie, surgido nos Estados Unidos, propunha uma nova forma de vida, contrariando os valores morais capitalistas sob o lema de “paz e amor”. Na Europa, o maior exemplo deste caldeirão de transformações foi o “Maio de 1968”, na França, quando estudantes protestavam contra a ordem acadêmica vigente há séculos no país. 

Nesta década também foi lançada a pílula anticoncepcional, responsável por uma emancipação sexual sem precedentes para as mulheres. Neste cenário, um novo livro seria lançado em 1963 e se transformaria em uma espécie de livro sagrado do movimento feminista: “A mística feminina”, de Betty Friedan. 

Desta forma, a segunda onda feminista surge com ideais mais amplos, com as mulheres discutindo abertamente as relações de poder entre homens e mulheres. Assim, o feminismo adota um caráter libertário, que vai além da luta pelo espaço das mulheres em todas as esferas da sociedade - indo além, o movimento lutava por uma nova forma de relacionamento entre homens e mulheres. 

A segunda onda no Brasil

Nosso país viveu um movimento contrário ao que acontecia nos Estados Unidos e Europa. Enquanto o mundo embarcava na “lisergia dos anos 1960”, as feministas brasileiras eram vítimas da Ditadura Militar e toda a repressão estatal em torno de movimentos relacionados a transformações sociais. 

A segunda onda por aqui tomaria forma na década de 1970, nos chamados “Anos de Chumbo”. O governo militar via com grande desconfiança as reivindicações feministas, visto que as consideravam como moralmente perigosas. 

Com a redemocratização nos anos 1980 e o fim do Regime Militar, o feminismo brasileiro finalmente encontrou solo fértil para viver em plenitude a segunda grande onda no movimento. A luta pelos direitos das mulheres toma forma com inúmeros grupos e coletivos que abordaram ampla gama de assuntos, como direitos, violência, sexualidade, relacionamento e maternidade. 

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