Entre janeiro e outubro deste ano, o Piauí testemunhou a abertura de 7,2 mil novas empresas, com a expectativa de ultrapassar 8 mil até o final do ano. Contudo, o número de empresas encerradas atingiu 3,7 mil no mesmo período, revelando as dificuldades enfrentadas para manter os negócios abertos.
De acordo com o Serasa Experian, o estado enfrenta a inadimplência de 42,7 mil empresas, uma cifra que se mantém praticamente estável ao longo do ano.
O advogado Felipe Granito, especialista em recuperação empresarial do GBA Advogados Associados, explica que vários fatores contribuem para esse cenário, incluindo o impacto negativo dos últimos anos, agravado pela pandemia e pela escassez de crédito. Dívidas adiadas durante os períodos de fechamento estão sendo cobradas agora, ampliando a pressão sobre os empresários.
Granito destaca que, apesar da redução da Taxa Selic, os juros para as empresas permanecem elevados, afetando diretamente as dívidas com os bancos. Ele ressalta que o endividamento com empréstimos bancários, muitas vezes, se torna uma bola de neve devido a práticas abusivas.
O advogado aponta a negociação direta como um caminho para os empresários inadimplentes recuperarem a saúde financeira. No escritório GBA Advogados Associados, descontos médios superiores a 80% têm sido alcançados ao negociar com credores, incluindo bancos, juntamente com um trabalho de reestruturação empresarial.
Granito também destaca a importância de buscar auxílio enquanto a recuperação é possível, evitando medidas mais drásticas como a recuperação judicial, procedimento complexo com resultados geralmente desafiadores. Ele conclui, afirmando que "uma empresa com dívida de até 15 vezes o faturamento mensal dela tem condições de negociar com o banco e se recuperar".