O Brasil registrou em 2024 a menor desigualdade de renda desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2012. Segundo os dados divulgados nesta quinta-feira (8), os 10% da população com os maiores rendimentos receberam, em média, R$ 8.034, valor 13,4 vezes superior ao recebido pelos 40% com os menores rendimentos, cuja média foi de R$ 601.
Apesar da disparidade ainda significativa, o índice representa uma melhora relevante em relação a 2018, quando a razão entre essas duas faixas de renda foi de 17,8 vezes – o maior valor da série histórica.
Crescimento entre os mais pobres puxou redução da desigualdade
De acordo com o analista do IBGE, Gustavo Fontes, a redução da desigualdade pode ser atribuída principalmente ao aumento da renda entre as faixas mais pobres da população. “Nas classes de menor renda, o crescimento ficou bastante acima da média do país, enquanto nas de maior renda ficou abaixo”, afirmou.
Entre os fatores apontados pelo IBGE para essa melhoria estão:
Entre 2019 e 2024, as regiões Norte (54,7%) e Nordeste (51,1%) apresentaram os maiores aumentos na renda dos 40% mais pobres. Em termos absolutos, porém, o Nordeste ainda apresenta o menor valor per capita nessa faixa: R$ 408, seguido pelo Norte (R$ 444). Já o maior valor foi registrado no Sul (R$ 891), seguido por Sudeste (R$ 765) e Centro-Oeste (R$ 757).
Índice de Gini atinge menor nível da série histórica
Outro dado relevante é a queda no Índice de Gini, que mede a concentração de renda em uma escala de 0 a 1 — quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade. Em 2024, o índice foi de 0,506, o menor da série. O número mostra continuidade da tendência de melhora observada desde 2022, quando o índice caiu para 0,518 após picos anteriores, como o de 2018 (0,545).
A pesquisa também destaca que os 1% mais ricos da população receberam, em média, R$ 21.767 mensais em 2024 — 36,2 vezes o rendimento médio dos 40% mais pobres. Essa razão também caiu em relação a 2023, quando era de 39,2 vezes.
Mesmo com os avanços, o IBGE ressalta que a desigualdade ainda é uma marca significativa no país. “O Brasil, inegavelmente, ainda é um país bastante desigual, se a gente comparar com diferentes indicadores. Mas, em 2024, observamos uma melhoria nessa distribuição de renda”, concluiu Fontes.
A Pnad Contínua investiga regularmente os rendimentos de brasileiros, considerando salários, aposentadorias, pensões, auxílios sociais e outras fontes, como aluguéis ou bolsas de estudo.