Apagão de dados omite fila de brasileiros aguardando concessões do INSS

Último boletim foi publicado em dezembro; fila pode ultrapassar 2,5 milhões de pedidos

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deixou de divulgar mensalmente os dados sobre a fila de pedidos de benefícios previdenciários e assistenciais, resultando em um apagão de informações sobre os brasileiros que aguardam atendimento. O último Boletim Estatístico da Previdência Social (Beps) foi publicado em dezembro de 2024, quando havia 2,043 milhões de pessoas esperando pela liberação de benefícios. A falta de transparência agrava a situação, especialmente em um cenário marcado por escândalos de fraudes e descontos indevidos em contracheques.

Foto: • José Cruz/Agência Brasil
Edifício sede da Previdência Social, em Brasília.

O recorde de espera na fila do INSS foi registrado em julho de 2019, com 2.442.816 pessoas aguardando análise de benefícios, como aposentadorias e auxílios-doença. Com a ausência de atualizações, especialistas estimam que o número atual pode já ter ultrapassado 2,5 milhões de pedidos. A situação é ainda mais crítica em um contexto em que o governo tenta combater fraudes que resultaram em R$ 6,3 bilhões em descontos indevidos, impactando diretamente o andamento da fila para concessão de benefícios.

O Ministério da Previdência não explicou o atraso na divulgação dos dados, limitando-se a informar que "os dados estão sendo consolidados". Enquanto isso, a Federação Nacional de Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) destacou que as condições de trabalho e as metas estabelecidas para os peritos são cada vez mais precárias, o que resultou em uma greve que durou 235 dias e afetou a análise de processos no INSS. A greve foi encerrada em abril, mas deixou a categoria insatisfeita com as promessas não cumpridas.

Os especialistas apontam que a falta de informações prejudica o controle social sobre a situação, dificultando a cobrança de soluções e a avaliação de políticas públicas. O advogado Bruno Minoru Okajima sugere que os cidadãos que enfrentam atrasos excessivos acompanhem seus processos pelo aplicativo Meu INSS e, se necessário, busquem orientação para ações judiciais. O elevado orçamento da Previdência, que para este ano é de aproximadamente R$ 1 trilhão, destaca a necessidade urgente de reformas que garantam eficiência e transparência na concessão de benefícios, ao mesmo tempo em que asseguram o direito constitucional à informação.

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