O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (26) que o Brasil enfrenta uma “caixa-preta” de R$ 800 bilhões em renúncias fiscais, e defendeu mudanças estruturais para tornar o sistema tributário mais justo e eficiente. A declaração foi dada durante o evento Nova Indústria Brasil, realizado no Rio de Janeiro.
Segundo Haddad, essas renúncias — benefícios fiscais concedidos a determinados setores ou empresas — comprometem uma parcela significativa do Orçamento federal, favorecendo grupos específicos e prejudicando contribuintes que arcam integralmente com seus tributos.
“Ao invés de oferecer uma alíquota média de tributos menor para todo mundo, a gente resolve escolher os campeões nacionais que levam o grosso do Orçamento. Aquele que paga imposto fica prejudicado por aquele que fez do lobby a sua profissão de fé”, criticou o ministro.
Haddad destacou que a reforma tributária, aprovada recentemente pelo Congresso Nacional, representa uma virada histórica no ambiente de negócios brasileiro, com potencial para modernizar a economia e eliminar distorções entre contribuintes.
Entre os pontos destacados por ele estão a desoneração total de investimentos e exportações, bem como o fim da guerra fiscal entre estados e entre estados e a União, medida que, segundo o ministro, beneficiará os bons empresários ao garantir previsibilidade e equidade.
“Começando pelo fato de que a desoneração do investimento vai ser de 100%. A desoneração da exportação vai ser de 100%. A guerra fiscal vai acabar entre os estados, inclusive entre estados e União, em benefício do bom empresário”, afirmou.
Durante seu discurso, o ministro também comentou sobre a carga tributária brasileira, afirmando que atualmente ela é menor do que há dez anos. Ele lembrou ainda que o governo federal, ao assumir em 2023, encontrou um déficit primário estrutural de 2%, o que reforça a necessidade de reequilibrar as contas públicas.
“Temos desafios a enfrentar, sobretudo em relação ao equilíbrio orçamentário. Com apoio de parte do Congresso, estamos conseguindo avançar no sentido de estabilizar o Orçamento e criar as condições macroeconômicas para a indústria voltar a se desenvolver”, concluiu Haddad.