O setor da saúde no Brasil demonstrou um dinamismo notável ao gerar 34.811 novos empregos formais no primeiro trimestre de 2025, conforme o Relatório do Emprego na Cadeia Produtiva de Saúde divulgado na semana passada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). O levantamento, realizado entre dezembro de 2024 e março de 2025, revela que a saúde continua sendo uma área crucial para o crescimento do mercado de trabalho no país.
O estudo utilizou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e informações de portais de transparência para contabilizar as oportunidades no setor público e privado. Segundo o superintendente executivo do IESS, José Cechin, a cadeia produtiva da saúde emprega atualmente mais de 5,2 milhões de pessoas, representando 10,8% do total de empregados no Brasil. Durante esse período, o emprego na saúde cresceu 0,7%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1,4%, evidenciando a estabilidade e resiliência do setor.
O relatório destaca que aproximadamente 4,2 milhões dos vínculos formais estão no setor privado. O desempenho entre os setores também apresentou diferenças significativas: enquanto o emprego no setor privado cresceu 1,1%, o setor público enfrentou uma retração de 1,2%. Antônio Britto, diretor executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), afirmou que a demanda pelos serviços de saúde permanece alta, independentemente da situação econômica.
A crescente valorização da saúde entre os brasileiros, acentuada pela pandemia de Covid-19, tem levado a uma maior procura por serviços médicos, tratamentos e internações. Cechin comentou que essa mudança no comportamento da sociedade resulta em uma demanda constante por mais profissionais de saúde para atender a população.
Além disso, o envelhecimento populacional, conforme demonstrado pelo último Censo do IBGE (2022), que registrou um aumento de 57,4% na população com 65 anos ou mais em 12 anos, também contribui para a elevação da demanda por serviços de saúde. Britto enfatizou que essa tendência reforça a necessidade de mais equipes médicas e instalações adequadas.
O relatório também revelou que os prestadores de serviços de saúde, que incluem hospitais, clínicas e laboratórios, foram responsáveis pela criação de 127.372 vagas, representando quase 75% do total de novos empregos na cadeia privada. Entre as áreas com maior demanda de contratações, a enfermagem se destaca, com a necessidade de técnicos e graduados aumentando à medida que novos leitos e serviços são implementados.
A economista Jéssica Maia ressaltou que o Brasil ainda apresenta números de profissionais de saúde abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com apenas 2,3 médicos e 7,4 enfermeiros por mil habitantes.