Ensino Superior EAD tem vivenciado uma transformação significativa, com dados recentes do Semesp indicando uma mudança de paradigma. Enquanto as matrículas em cursos presenciais tiveram uma queda de 29,1% entre 2013 e 2023, as matrículas em cursos a distância (EAD) aumentaram em impressionantes 326% no mesmo período.
O Mapa do Ensino Superior no Brasil, em sua 15ª edição, revelou que as matrículas em cursos EAD cresceram 13,4% entre 2022 e 2023, atingindo a marca de 4,91 milhões de estudantes. Esses números representam quase metade de todas as matrículas no país, totalizando 49,3% do mercado.
Apesar do expressivo crescimento, o Semesp aponta para uma desaceleração na taxa de crescimento do EAD, citando que o aumento em 2020 foi de 26,8%. Vale ressaltar que o Ministério da Educação (MEC) havia interrompido a criação de novos cursos a distância até março de 2025, mas essa medida foi recentemente prorrogada por mais um mês.
No panorama das instituições privadas, houve um crescimento contínuo, representando 79,3% do total de matrículas em 2023. O estudo apontou um aumento de 5,7% na concentração de alunos na rede privada entre 2013 e 2023.
Esse avanço foi impulsionado principalmente pelos cursos EAD, nos quais as instituições privadas detêm 95,9% das matrículas. Mesmo nos cursos presenciais, a rede privada se mantém majoritária, com 63,1% das matrículas.
Em contrapartida, a rede pública teve um crescimento mais modesto, com aumento de 7,1% no total de matrículas entre 2013 e 2023.
Diante da predominância da rede privada, programas como o ProUni e o Fies tornam-se ainda mais cruciais para garantir o acesso dos estudantes ao ensino superior. No entanto, essas iniciativas têm enfrentado desafios nos últimos anos.
O ProUni, que concedeu 390,6 mil bolsas em 2013 e chegou a 403,9 mil em 2023, viu uma queda de 34% desde o pico em 2017. Já o Fies, que teve 732 mil contratos em 2014, despencou para 90 mil em 2023, representando uma redução de quase 88%.
O Semesp aponta que cortes orçamentários, mudanças nas regras de concessão e a maior oferta de bolsas para cursos EAD têm contribuído para esse declínio, especialmente entre os estudantes de 18 a 24 anos.
A evasão no ensino superior continua sendo um desafio relevante, com altas taxas de desistência tanto nos cursos presenciais quanto nos cursos EAD. Na rede privada, a taxa de desistência acumulada é de 58,4% nos cursos presenciais e 64,1% nos cursos a distância. Já na rede pública, esses índices são de 41% e 46,6%, respectivamente.
Os principais motivos apontados para a desistência dos estudantes incluem dificuldades financeiras, a falta de políticas públicas eficazes de permanência e a menor atratividade dos cursos presenciais. É importante ressaltar que alunos cotistas e do ProUni têm apresentado melhores taxas de desempenho, segundo o Inep.