Tragédia da Boate Kiss completa 10 anos sem conclusão das investigações

O júri que condenou os 4 réus foi anulado

Há exatos 10 anos um incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, deixou 242 mortos, a maioria jovens universitários da cidade que abrigava cerca de 40 mil estudantes. As investigações sobre os acontecimentos daquela noite se desenrolam há uma década, mas não chegaram a conclusão alguma. O júri dos 4 réus foi anulado.

Foto: Reprodução
Boate Kiss depois do incêndio

Naquela noite a boate Kiss recebia uma festa organizada por alunos do curso de agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Durante o show de uma das atrações, a banda Gurizada Fandangueira, foi utilizado um artefato pirotécnico que provocou o incêndio, que se iniciou em uma espuma no teto.

Com a confusão, muitas pessoas presentes correram para o banheiro, por entenderem que se tratava de uma briga. A boate tinha apenas uma saída, que era pequena para a quantidade de pessoas presentes saírem de forma rápida. Além disso, testemunhas afirmaram que durante os primeiros minutos do incêndio as portas foram travadas por seguranças que exigiam a comanda de consumo dos clientes quitada.

Muitas das vítimas que conseguiram sair da boate, vieram a óbito nos hospitais ou ficaram com graves sequelas. O gás inalado pelas vítimas durante o incêndio era proveniente de uma espuma que é proibida em boates. O material, ao ser queimado, libera um veneno, o mesmo tipo utilizado em câmaras de gás dos campos de concentração nazistas. O cianureto continua agindo no corpo da vítima, mesmo depois da saída do local com fumaça.

O corpo de bombeiros atendeu ao pedido de socorro em 3 a 5 minutos, após o primeiro chamado. Segundo os relatos de combatentes, telefones dos jovens já mortos não paravam de tocar, pois os pais já estavam sendo acordados com a notícia sobre os filhos. Ao menos seis hospitais e casas de saúde da região receberam vítimas do incêndio.

O domingo foi marcado pelo reconhecimento de corpos por parte de familiares das vítimas. Do lado de fora do Centro Desportivo Municipal, de Santa Maria, familiares e amigos faziam filas gigantes para reconhecer os corpos dos filhos.

O município decretou luto oficial de 30 dias, enquanto o governo federal estabeleceu luto de três dias em todo o país. Na época, a presidente Dilma Rousseff cancelou os compromissos de domingo e esteve em Santa Maria, em apoio aos familiares das vítimas.

O júri popular, que havia condenado os sócios da Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus e Luciano Bonilha, em dezembro de 2021, foi anulado em agosto de 2022. Até o momento não há data para novo julgamento.

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