Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (7), revelam que o Piauí tem a segunda maior taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência do país, perdendo apenas para outro estado do Nordeste, o Alagoas.
A taxa de analfabetismo geral da população piauiense de 15 anos ou mais é de 14,1%. No entanto, entre as pessoas com deficiência, esse indicador foi de 37,3%, quase quatro vezes maior do que o registrado para as pessoas sem deficiência, que foi de 10,8%.
No Brasil, estima-se que haja uma população de 18,6 milhões de PCDs com dois anos ou mais de idade. A taxa de analfabetismo nesse grupo é de 19,5%, sendo o Nordeste a região com o maior índice do país, com 31,2% — um valor superior à média nacional. A menor taxa de analfabetismo foi observada no Distrito Federal, com 8%.
A desigualdade é ainda mais acentuada entre a população idosa, de 60 anos ou mais de idade. No Piauí, a taxa geral de analfabetismo para esse grupo foi de 38,5% no terceiro trimestre de 2022. No entanto, quase metade das pessoas idosas com deficiência no estado (48,7%) era analfabeta, enquanto cerca de um terço das pessoas idosas sem deficiência (33,3%) não sabiam ler ou escrever.
A pesquisa também identificou a defasagem escolar: entre o grupo de 6 a 14 anos com deficiência, 89,3% frequentavam o ensino fundamental, em comparação a 93,9% entre as pessoas sem deficiência.
Enquanto apenas 25,6% das pessoas com deficiência concluíram o Ensino Médio, mais da metade das pessoas sem deficiência (57,3%) possuem esse nível de instrução. No ensino superior, 14,3% dos jovens de 18 a 24 anos com deficiência estão matriculados em universidades, em contraste com 25,5% das pessoas sem deficiência.
Segundo a analista da PNAD Contínua, Maíra Bonna Lenzi, esses dados destacam a necessidade de identificar os fatores que afastam crianças, adolescentes e jovens com deficiência dos espaços educacionais e desenvolver políticas que garantam condições adequadas de ensino.
"Esse indicador é muito importante para entender por que muitas crianças com deficiência estão fora da escola. Temos, por exemplo, a Lei Brasileira de Inclusão, que garante que todas as crianças tenham recursos de acessibilidade para potencializar seu desenvolvimento e habilidades, superando barreiras. Portanto, é interessante investigar o que falta para proporcionar oportunidades a essas crianças e jovens", pontua Lenzi.