Associação dos promotores rechaça declaração do secretário de Segurança

Chico Lucas cobrou do promotor os nomes de funcionários ameaçados pelos bandidos

O secretário de Segurança Chico Lucas acaba de agregar mais um inimigo ou pelo menos um órgão insatisfeito com a sua atuação: é a  Associação Piauiense do Ministério Público (APMP). 

Os promotores não gostaram da maneira como Lucas se referiu ao promotor de Justiça   Eny Marcos Vieira Pontes no caso da unidade municipal de saúde onde uma funcionária recebeu ameaça de bandidos de organizações criminosas.

Foto: PC-PI
Chico Lucas, secretario de Segurança

Lucas cobrou do promotor que desse nomes dos funcionários que se sentem ameaçados, numa atitude juvenil, pois, resultaria na vedação de nomes que seguramente ficariam na mira dos bandidos. E, por conta de sua bravata, desafiou o promotor. 

Eny Pontes foi muito prudente ao dizer que ouviu uma das médicas que atendem em postos de saúde e solicitou anonimato ao fazer a denúncia por medo de represálias ressaltando que os profissionais recebem ameaças de facções criminosas que dominam as regiões para que não atendam pacientes de outras facções.

A nota da APMP é dura e muito solidária ao promotor Eny Marcos:

 A Associação Piauiense do Ministério Público (APMP)  , entidade de classe, representativa dos membros do Ministério Público do Estado do Piauí – Procuradores de Justiça e Promotores de Justiça, vem a público repudiar veementemente as declarações do senhor Chico Lucas, secretário de Estado da Segurança Pública, ao questionar perante à opinião pública a atuação do promotor de Justiça Eny Marcos Vieira Pontes diante dos casos envolvendo o atendimento a pacientes nas unidades básicas de saúde de Teresina.

Vale ressaltar que nem o secretário de Segurança ou qualquer representante da secretaria se fez presente na audiência pública convocada pelo MP-PI, realizada no último dia 7 de agosto, para discutir a falta de segurança nas unidades de saúde da capital.

As declarações proferidas durante a audiência do promotor de Justiça – que ouviu uma das médicas que atendem em postos de saúde e solicitou anonimato ao fazer a denúncia por medo de represálias – ressaltam que os profissionais recebem ameaças de facções criminosas que dominam as regiões para que não atendam pacientes de outras facções.

A respeito dessa denúncia, o promotor de Justiça encaminhou ofício ao Secretário informando a ocorrência e notificando sobre a abertura de procedimento investigativo.

Destaca-se que os ataques proferidos ao Promotor de Justiça comprometem a reputação de um profissional de ilibada conduta e com relevantes serviços prestados à sociedade piauiense e respeitado por seus pares. As declarações, portanto, atingem não apenas o Promotor de Justiça, mas sim toda a Instituição Ministerial.

Por fim, a Associação Piauiense do Ministério Público, representando seus associados, manifesta irrestrita solidariedade, em ato de desagravo público, ao Promotor de Justiça, Dr. Eny Marcos Vieira Pontes, pelo que repudiamos as injustas declarações proferidas, reforçando que esta entidade de classe estará sempre vigilante quanto às prerrogativas de seus associados.”

Chamamento a morte 

Os promotores de Justiça e autoridades ouvidas - inclusive secretários - chegaram a ironizar a declaração de Chico Lucas para que o promotor revelasse os nomes dos funcionários que estariam se recusando a atender pacientes para, segundo Lucas, as tomadas de providências. 
“Ele está fazendo um chamando a morte dos servidores públicos”, disse um médico ouvido, que o Portal AZ se recusa a dar o nome. 

Um juiz não quis que fosse identificado, mas considerou a posição do secretário “muito juvenil, com pitadas de arrogância”.

Leia também