O recente veto do Brasil à entrada da Venezuela no bloco do Brics causou uma polêmica diplomática, com o governo venezuelano classificando a ação como uma agressão. Por outro lado, o Itamaraty defende que apenas foram estabelecidos critérios e princípios para novas adesões. Durante a reunião em Kazan, na Rússia, os países que poderiam se tornar membros associados foram definidos, deixando a Venezuela de fora.
De acordo com o ministério das Relações Exteriores venezuelano, a atitude brasileira foi repudiada, gerando indignação e vergonha no povo venezuelano. A nota divulgada ressalta a postura do Brasil como uma afronta às políticas da Revolução Bolivariana de Hugo Chávez.
O Brics, após consenso entre os membros, decidiu convidar 13 países para se tornarem membros associados, incluindo Cuba, Bolívia, Nigéria, Turquia, Malásia e Indonésia. Enquanto Cuba e Bolívia representam a América Latina, a exclusão da Venezuela evidencia a atual distância diplomática entre Brasília e Caracas, agravada após a reeleição de Nicolás Maduro, contestada por diversos países e organizações internacionais.
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, manifestou interesse em ingressar no Brics e participou da última cúpula, onde se encontrou com Vladimir Putin. O presidente russo, ao comentar a questão, mostrou respeito pela posição brasileira, mesmo discordando dela. Putin enfatizou a importância do consenso entre os membros plenos do grupo para a inclusão de novos países.
Os critérios para adesão ao Brics foram estabelecidos pelo Itamaraty, incluindo a defesa da reforma da ONU, a rejeição de sanções econômicas unilaterais e a manutenção de relações amigáveis com todos os membros. Segundo o secretário de Ásia e Pacífico do MRE, embaixador Eduardo Paes Saboia, tais critérios visam orientar a escolha de novos membros de forma transparente e coerente.
Diante da atual falta de harmonia nas relações bilaterais entre Brasil e Venezuela, especialistas como Maria Elena Rodríguez, da PUC do Rio de Janeiro, enxergam a postura brasileira como adequada. Para ela, a inexistência de vínculos amigáveis entre os países impacta diretamente nas decisões diplomáticas, como a recusa da entrada venezuelana no Brics. Com desentendimentos semelhantes, Brasil e Nicarágua recentemente expulsaram seus respectivos embaixadores, evidenciando as delicadas relações no cenário internacional.