Enquanto faltam agentes nos presídios, viaturas nas ruas e comida nos hospitais, o Governo do Piauí decidiu investir onde, segundo ele, realmente importa: em balões. Literalmente. A Secretaria de Justiça do Estado (SEJUS) assinou o contrato nº 01/2025, por inexigibilidade de licitação, destinando R$ 200 mil para um projeto batizado de “Oficina de Balões” a ser realizado dentro das unidades penais do estado.
Segundo o extrato publicado no Diário Oficial, o projeto visa “retratar na prática ações socioeducativas nas Unidades Penais do Estado”.
A contratada, Viana Comunicação e Consultoria, terá 90 dias para executar a empreitada lúdica, o que é tempo suficiente para inflar os balões, o orçamento e a paciência do contribuinte.
Não há licitação, não há critérios técnicos públicos, não há detalhamento do projeto. Há apenas ar, muito ar. E dinheiro público escoando com ele.
A justificativa? A boa e velha inexigibilidade de licitação, amparada por um decreto estadual vago o bastante para permitir que qualquer coisa vire “serviço singular”. Balões agora são instrumentos de reeducação carcerária. E a população, claro, só observa e de fora da bolha.
A empresa contratada é representada por Thamirys Dias Viana, e o contrato foi assinado por Carlos Augusto Gomes de Souza, da própria SEJUS. O valor, de R$ 200 mil, vem direto do caixa estadual, fonte de recurso 500, ou seja, dinheiro do povo, não de convênios, fundos ou parcerias.
Em vez de tornozeleiras, balões. Em vez de vigilância, fitinhas coloridas. Em vez de estrutura, consultoria. O Estado transformou a política penitenciária em festa infantil com verba premium.
Mas calma, não se trata de improviso. O plano é sério. Balões devem retratar, ensinar, redimir. Quem sabe até substituir psicólogos, educadores, instrutores profissionais. Porque, no Piauí de 2025, basta soprar forte e tudo se resolve.
Resta saber se a próxima contratação será para distribuir pirulitos ou pintar o muro do presídio com tinta guache.
Porque quando o Estado perde a noção do ridículo, o contribuinte vira palhaço, e a “oficina” vira piada.