O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar, nos próximos dias, uma mudança no comando do Ministério das Mulheres. A atual titular da pasta, Cida Gonçalves, deve ser substituída por Márcia Lopes, ex-ministra do Desenvolvimento Social e nome de confiança do presidente. A expectativa é que a oficialização ocorra antes da viagem de Lula à Rússia, marcada para quinta-feira (8).
Márcia Lopes, assistente social e ex-ministra no segundo mandato de Lula, foi convidada para o cargo em março, após uma conversa reservada com o presidente. Ela desembarca em Brasília nesta segunda-feira (5) e deve se reunir com Lula no mesmo dia. Inicialmente, a posse será realizada em uma cerimônia discreta, apenas com o presidente. Um evento maior poderá ser organizado após o retorno de Lula da agenda internacional.
Na última sexta-feira (2), Lula se reuniu com Cida Gonçalves por cerca de meia hora. De acordo com o ministério, o encontro tratou de “assuntos da pasta”, incluindo a implementação da lei da igualdade salarial. No entanto, fontes do Palácio do Planalto confirmam que a ministra já foi informada da saída.
A provável substituição ocorre em meio a críticas internas sobre a baixa visibilidade da pasta e desgaste político acumulado. Cida Gonçalves também protagonizou episódios incômodos para o governo. Em fevereiro, em depoimento à Comissão de Ética da Presidência, ela afirmou que priorizava demandas da primeira-dama Janja da Silva, interrompendo compromissos da pasta para atendê-la. Além disso, relatou ignorar chamados de ministros, como Alexandre Padilha e Márcio Macêdo.
Na mesma ocasião, Cida respondeu a um processo, posteriormente arquivado, por suspeita de assédio moral. Segundo denúncias, ela teria sugerido apoio financeiro a uma servidora para que esta se candidatasse nas eleições de 2026, em troca de silêncio sobre uma acusação de racismo.
Apesar da relação próxima com a primeira-dama, Cida enfrentava resistência entre setores do governo. A troca no comando do Ministério das Mulheres é considerada estratégica pelo Planalto para fortalecer a agenda do Executivo em temas sociais e de gênero, especialmente no contexto internacional da próxima viagem presidencial.