José Mujica, ex-presidente do Uruguai, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, em Montevidéu. Reconhecido internacionalmente por seu estilo de vida simples e pelo discurso em defesa da ética na política, Mujica tratava um câncer no esôfago, diagnosticado em abril deste ano. O quadro se agravou por conta de uma doença autoimune, que impedia a realização de cirurgias ou tratamentos invasivos.
Mujica foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, após décadas de militância política iniciada ainda nos anos 1960, quando integrou a guerrilha dos Tupamaros, grupo armado de esquerda que lutava contra a ditadura no país. Preso por 14 anos durante o regime militar, o uruguaio ganhou fama de “o presidente mais pobre do mundo” ao recusar os luxos do cargo e continuar vivendo em sua chácara, onde cultivava flores ao lado da esposa, a também ex-senadora Lucía Topolansky.
A trajetória de Mujica foi marcada por forte apelo popular e pela defesa de pautas progressistas. Durante seu governo, o Uruguai legalizou o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a maconha. Mesmo fora da presidência, Mujica continuou ativo na política e respeitado em todo o continente, sempre com discursos que combinavam firmeza e simplicidade.
O governo do Uruguai decretou luto oficial de três dias. O velório ocorrerá na sede do Parlamento uruguaio, aberto ao público. Diversos líderes latino-americanos e autoridades internacionais já manifestaram pesar pela morte do ex-presidente, que deixa um legado de coerência política e exemplo pessoal raros na cena pública mundial.