O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, anunciou neste domingo (22) a convocação de uma reunião de emergência para a manhã desta segunda-feira (23), em Viena, com o objetivo de avaliar os riscos para o regime de não proliferação de armas nucleares após os ataques aéreos dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irã.
“O regime de não proliferação nuclear, que há mais de 50 anos garante segurança internacional, está em jogo”, afirmou Grossi.
A AIEA mantém inspetores no Irã e pretende avaliar, com urgência, os danos causados pelos bombardeios nas usinas nucleares de Fordow, Isfahan e Natanz, todas associadas ao enriquecimento de urânio. O local de Fordow, principal foco das atenções, está construído dentro de uma montanha, o que exige uma inspeção detalhada para entender se houve comprometimento estrutural.
Segundo Grossi, os técnicos precisam de garantias de segurança para visitar as instalações afetadas. O governo iraniano informou à agência que não houve aumento de radiação nas áreas atingidas até o momento.
Os bombardeios, ocorridos no sábado (21), foram executados por forças dos EUA, em resposta à escalada militar na região. A ação é vista como um divisor de águas no conflito entre Teerã e aliados ocidentais, ampliando o temor global de que as tensões possam atingir proporções irreversíveis.
Durante reunião emergencial no Conselho de Segurança da ONU, o diretor da AIEA fez um apelo claro por diálogo. “Se perdermos esta oportunidade, a destruição poderá ter proporções impensáveis”, alertou. Ele reiterou o apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, para que Israel, Irã e EUA voltem à mesa de negociações.
O ataque dos EUA ocorreu após uma série de ofensivas do Irã contra alvos israelenses, o que levou os Estados Unidos a mirarem diretamente na infraestrutura nuclear iraniana. Embora o Irã insista que seu programa nuclear tem fins pacíficos, países ocidentais acusam Teerã de planejar o desenvolvimento de armas atômicas.
Grossi reforçou que o papel da AIEA é garantir que o programa nuclear iraniano siga sendo transparente e fiscalizado, e que a integridade dos inspetores precisa ser respeitada mesmo em meio a conflitos armados.