Banco Central explica inflação acima da meta em carta aberta

Entenda as razões por trás da inflação e as medidas do Banco Central.

O Banco Central divulgou uma carta aberta para explicar oficialmente o motivo do desvio da inflação além da meta estabelecida. Com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses atingindo 5,35% em junho, ultrapassando consecutivamente o teto de 4,5%, o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, é obrigado por lei a enviar uma justificativa detalhada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Novas regras e fatores influenciadores

Este é o segundo momento em que Galípolo redige tal carta em menos de seis meses, devido ao descumprimento da meta. A nova sistemática, conhecida como "meta contínua", em vigor desde janeiro de 2025, considera o desvio por seis meses seguidos do intervalo de tolerância, que varia de 1,5% a 4,5%, com centro em 3%.

Na carta, o Banco Central aponta uma série de fatores para o descumprimento da meta, como atividade econômica aquecida, mercado de trabalho resiliente, inércia inflacionária elevada, desancoragem das expectativas e depreciação cambial. Além disso, choques nos preços de alimentos industrializados, como café e carnes, e tarifas de energia elétrica, também contribuíram para a pressão inflacionária.

Medidas adotadas e projeções

Para controlar a alta dos preços, o Comitê de Política Monetária (Copom) tem aumentado a taxa Selic de forma contínua desde setembro de 2024, totalizando um aperto de 4,5 pontos percentuais, chegando a 15% ao ano em junho deste ano. Apesar disso, o BC decidiu interromper o ciclo de elevações para avaliar os impactos já observados, sem descartar novos aumentos se a situação inflacionária se agravar.

O Banco Central projeta que o IPCA retorne à faixa de tolerância somente no final do primeiro trimestre de 2026. A expectativa é de que a inflação acumulada em quatro trimestres caia de 5,4% - 5,5% em 2025 para 4,2% no início de 2026, conforme o cenário apresentado no Relatório de Política Monetária.

Compromisso e posicionamento do Banco Central

O compromisso do Banco Central com a meta de inflação de 3% é enfatizado na carta, ressaltando que as decisões são tomadas para atingir esse objetivo no horizonte de política monetária relevante. Galípolo defendeu a manutenção da meta de 3%, com uma margem de 1,5 ponto percentual, reiterando que não é passível de alterações conforme conveniências conjunturais.

O presidente do BC reforçou que a instituição trabalha para colocar a taxa de juros em um patamar restritivo o suficiente para controlar a inflação, independentemente da pressão por cortes mais rápidos. A expectativa é que as medidas adotadas contribuam para o retorno da inflação aos patamares desejados.

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