A recente concessão da Floresta Nacional do Jatuarana, no Amazonas, por meio de leilão na Bolsa de Valores do Brasil, marca um avanço significativo na conservação florestal do país. Além de representar uma inovação no formato, esse evento evidencia a consolidação das concessões florestais como uma política pública estratégica, capaz de unir benefícios ambientais, geração de renda e valorização dos territórios amazônicos.
A concessão da Floresta Nacional do Jatuarana, com seus 453 mil hectares, foi arrematada integralmente, prevendo uma arrecadação anual de R$ 32,6 milhões e a geração de aproximadamente 2,8 mil empregos diretos e indiretos. O modelo adotado incentiva o uso sustentável de recursos florestais, como madeira e produtos não-madeireiros, além de estabelecer compromissos sociais voltados para a pesquisa, proteção florestal e o desenvolvimento das comunidades locais e indígenas.
Essa operação não apenas representa um marco em si, mas também é o primeiro passo para um ambicioso plano de ampliar a área sob concessão florestal no país, dos atuais 1,3 milhão de hectares para 20 milhões até 2030. Essa expansão visa conter o desmatamento ilegal, promovendo uma economia baseada na preservação florestal, riqueza sustentável, justiça social e estabilidade climática.
Análises do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) demonstram que, com 20 milhões de hectares manejados, o Brasil pode produzir aproximadamente 10 milhões de metros cúbicos de madeira legal, equivalente à produção total de madeira na Amazônia. Além disso, essa produção pode suprir a extração ilegal, que atualmente corresponde a 35% da exploração madeireira no bioma, segundo dados da Rede Simex.
Além dos benefícios econômicos, a expansão das concessões florestais é estimada para gerar 36 mil empregos diretos e 72 mil indiretos localmente, promovendo a contratação local, valorizando conhecimentos tradicionais e fortalecendo cadeias produtivas sustentáveis. As concessionárias também devem investir em infraestrutura e serviços nas comunidades, contribuindo para a dignidade e cidadania local.
Para alcançar a meta de 20 milhões de hectares sob concessão, será essencial um planejamento detalhado, transparência nos editais, ampliação de linhas de crédito e a monetização de serviços ecossistêmicos, como sequestro de carbono e proteção da biodiversidade. O momento atual é favorável a esse avanço, com a valorização de ativos sustentáveis, como a madeira certificada e o reconhecimento internacional de políticas ambientais robustas.
O leilão da Floresta Nacional do Jatuarana inaugura uma nova fase, na qual o Brasil se posiciona para explorar a floresta como um ativo estratégico produtivo, em vez de um passivo a ser explorado. É o prelúdio para a ampliação das concessões, não apenas para exploração, mas também para a restauração florestal, visando recuperar áreas degradadas, gerar créditos de carbono e agregar valor ambiental positivo para investidores e comunidades. A transformação da floresta em um instrumento de desenvolvimento sustentável é não só possível, mas crucial nos dias atuais.