O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reconheceu manhã desta sexta-feira (25/11) Esperança Garcia como a Primeira Advogada do Brasil. Na sessão o Conselho aprovou também a construção do busto da advogada no átrio do prédio sede.
A Conselheira Federal da OAB-PI, Élida Fabrícia, destacou a importância desse momento. “Ela foi uma mulher negra escravizada, submetida a diversas agruras advindas de sua condição vulnerável. Mas nada disso a deteve na busca de seus ideais. Essa luta começou há muitos anos no Piauí, quando em 2017 conseguimos o reconhecimento na Seccional. Agora, o reconhecimento vem da OAB Nacional, em uma verdadeira reparação histórica dos prejuízos que a Advocacia negra e feminina já sofreu”, disse.
Élida falou ainda do orgulho de presenciar o reconhecimento pelo CFOAB. “Como mulher e Conselheira Federal, não consigo mensurar a emoção desse momento. Não contenho as lágrimas, afinal Esperança é exemplo, não somente para a Advocacia de todo o Brasil, mas também para todas as mulheres que saem de casa todos os dias em busca de suas realizações e conquistas. Ela nos inspira a estarmos sempre em processo de superação”, afirmou.
Quem foi Esperança Garcia?
Símbolo de resistência, Esperança Garcia lutou pelo Direito e sua natureza jurídica foi vista logo cedo, quando, no dia 6 de setembro de 1770, escreveu uma petição ao então Governador da Capitania de São José do Piauí denunciando os maus-tratos que ela e sua família sofriam, tendo sido inclusive separada de seu marido e impedida de batizar os filhos. Essa carta foi considerada o primeiro Habeas Corpus feito por uma mulher. A carta foi encontrada em 1979 no arquivo público do Piauí.
Um documento com a relação de escravizados da fazenda em que vivia, de 1878, oito anos após o envio da carta, menciona o casal “Esperança e Ignácio”, ela com 27 anos e ele com 57. Ela teria, portanto, 19 anos quando escreveu a carta ao Governador.