Segundo Mauro Cid, Bolsonaro ordenou a inserção de dados falsos sobre vacina

A delação do ex-ajudante de ordens foi tornada pública por decisão do STF

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou, em delação premiada, que recebeu ordens do então mandatário para inserir dados falsos de vacinação contra a covid-19 no sistema Conecte SUS. O objetivo era obter certificados fraudulentos em nome de Bolsonaro e de sua filha, uma vez que o ex-presidente não se imunizou contra a doença.

Foto: Reprodução/Lula Marques/Agência Brasil

A delação teve seu sigilo derrubado nesta quarta-feira (19), por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O depoimento de Cid foi prestado à Polícia Federal em agosto de 2023.

Detalhes da fraude

Mauro Cid revelou que Bolsonaro fez o pedido após descobrir que ele próprio e sua família haviam obtido cartões de vacinação falsos ao inserir informações fraudulentas no Conecte SUS, em 2021.

Segundo o delator, ele administrava a conta do Conecte SUS de Bolsonaro e, após inserir os dados, imprimiu os certificados de vacinação e os entregou em mãos ao então presidente.

O principal objetivo, segundo Cid, era usar o documento em eventuais situações necessárias, como em viagens internacionais, período em que alguns países exigiam a comprovação da imunização para entrada em seus territórios. Após a impressão dos cartões, os dados foram excluídos do sistema.

Viagem aos Estados Unidos

Pouco antes de encerrar o mandato, Bolsonaro viajou para os Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022, acompanhado da esposa e da filha. No entanto, como utilizou um passaporte diplomático, não precisou apresentar um certificado de vacinação para entrar no país, conforme as regras vigentes à época.

A delação de Mauro Cid é um dos elementos que compõem as investigações da Polícia Federal sobre fraudes na inserção de dados de vacinação de Bolsonaro e outras pessoas ligadas ao seu governo. O caso segue sob análise do STF.

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