Operação Topique: cinco anos depois, Justiça aceita denuncia contra deputado

Gil Carlos era prefeito de São João do Piauí na época do escândalo

Cinco Anos após denúncia do Ministério Público na chamada Operação Topique, a Justiça Federal recebe ação penal contra Gil Carlos, que foi prefeito de São João do Piauí.
 

Foto: Reprodução
Gil Carlos fazia de conta que nada acontecia até o juiz aceitar a denuncia contra ele

 

Depois de tanto tempo do oferecimento da denúncia, a Justiça Federal do Piauí finalmente recebeu, em janeiro deste ano, a ação penal contra o hoje deputado estadual Gil Carlos Modesto Alves (PT), ex-prefeito de São João do Piauí, no bojo da Operação Topique, que investiga um esquema milionário de fraudes em licitações e desvio de recursos federais destinados ao transporte escolar em diversos municípios piauienses.

O juiz federal Agliberto Gomes Machado, da 3ª Vara Federal de Teresina, acolhe denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Gil Carlos, Luiz Carlos Magno Silva e Raimundo Félix Saraiva Filho, pelos crimes de fraude em licitação (art. 90 da Lei 8.666/93), corrupção (arts. 317 e 333 do Código Penal) e crime de responsabilidade de prefeito (art. 1º, II, do Decreto-Lei 201/67).

Segundo a denúncia, Gil Carlos, enquanto prefeito de São João do Piauí entre 2013 e 2020, teria mantido contratos com as empresas LC Veículos (controlada por Luiz Carlos Magno) e Line Transporte de Passageiros Eireli (de Raimundo Félix), mesmo ciente de que os serviços de transporte escolar estavam sendo subcontratados de forma integral e irregular, em violação à legislação vigente. 

As investigações apontam prejuízo superior a R$ 3,2 milhões aos cofres públicos.

Além das fraudes nos pregões presenciais nº 001/2013 e nº 16/2015, o MPF também acusa o então gestor municipal de revogar indevidamente um certame licitatório em 2019, para prorrogar contratos já superfaturados, gerando prejuízo adicional. 

Gil Carlos também é acusado de receber vantagem indevida: um veículo Chevrolet S10, supostamente oferecido por Luiz Carlos Magno, em troca da manutenção do esquema.

O juiz federal considerou que a denúncia preenche todos os requisitos legais e está amparada em farta documentação, incluindo relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), que confirmam indícios de superfaturamento, inexecução contratual e desvio de recursos federais destinados à educação.

Luiz Carlos Magno é apontado como o líder do esquema, enquanto Raimundo Félix figura como sócio de empresa também beneficiada ilegalmente. Ambos também se tornaram réus na ação.

A Justiça determinou a citação dos três acusados para apresentação de resposta à acusação no prazo de 10 dias, além de listar testemunhas e apresentar meios de contato.

O processo foi registrado sob o número 1001015-03.2021.4.01.4004 e tramita vinculado à ação penal já existente da mesma operação, de nº 001934-89.2019.4.01.4000.

A decisão ocorre em meio ao segundo mandato de Gil Carlos como deputado estadual pelo PT. Ele ainda não se manifestou oficialmente sobre o recebimento da denúncia. 
Procurado pela reportagem, o parlamentar não respondeu até o fechamento da matéria.

Grande esquema 

A Operação Topique, deflagrada em 2018 pela Polícia Federal, revelou um dos maiores esquemas de corrupção envolvendo o transporte escolar na história do Piauí, com ramificações em diversos municípios e valores que superam R$ 100 milhões em recursos federais.

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