Abin Paralela monitorou homônimo de Moraes por engano, revela relatório da PF

Investigação aponta erro em esquema de espionagem; Carlos Bolsonaro é indiciado

Um relatório final da Polícia Federal (PF) sobre o esquema de espionagem ilegal conhecido como "Abin Paralela" revelou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou, por engano, um homônimo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A conclusão do relatório foi divulgada após o sigilo do documento ser retirado pelo próprio Moraes, que atua como relator da investigação.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Alexandre de Moraes

O esquema, que ocorreu durante o governo de Jair Bolsonaro, resultou no indiciamento de cerca de 30 pessoas, incluindo Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente. Segundo a PF, tanto Bolsonaro quanto Carlos integraram uma organização criminosa que coordenava ações clandestinas de espionagem contra opositores do governo.

O relatório destaca que o agente de inteligência Thiago Gomes Quinalia realizou três pesquisas pelo nome de Alexandre de Moraes Soares no sistema de monitoramento Firstmile, em 19 de maio de 2019. Os investigadores consideraram essa busca um erro, pois se tratava de um homônimo do ministro. “A utilização de sistemas ilegítimos de consulta resultava, por vezes, em números de terminais telefônicos erroneamente associados a alvos. A pesquisa no sistema Firstmile por homônimo é um erro passível de ter sido cometido”, afirma o documento.

Além de Moraes, foram monitorados ilegalmente figuras políticas como os ex-deputados Jean Willys, Rodrigo Maia, Joyce Hasselmann, o ex-governador de São Paulo João Dória, e jornalistas como Leandro Demori e Mônica Bergamo. As pesquisas coincidem com a abertura do inquérito das fake news no STF, que tem Moraes como relator e investiga a disseminação de desinformação durante o governo Bolsonaro.

O agente responsável pela pesquisa deixou o cargo e não se tem informações sobre seu atual paradeiro. Ele foi demitido do serviço público no ano passado. Em resposta às conclusões da PF, Carlos Bolsonaro usou suas redes sociais para insinuar que o indiciamento possui uma motivação política. “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”, declarou.

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