Mesmo inocentado das acusações mais graves, Diddy continua preso: entenda motivo

Rapper foi acusado de tráfico humano e crimes sexuais

O veredito veio, mas a liberdade não. Após oito semanas de um julgamento bombástico em Nova York, com direito a depoimentos estarrecedores, vídeos comprometedores e mil frascos de óleo de bebê encontrados em sua mansão, o rapper Sean “Diddy” Combs foi considerado culpado por duas acusações de transporte de mulheres para fins de prostituição, incluindo sua ex-parceira Cassie Ventura.

Foto: Getty Images
Sean Diddy

Mas o que chocou parte da opinião pública foi outro ponto: mesmo absolvido das acusações mais pesadas — como tráfico sexual e conspiração para extorsão — Diddy continuará atrás das grades. O juiz federal Arun Subramanian negou o pedido de liberdade sob fiança, mesmo diante de uma proposta de US$ 1 milhão apresentada pela defesa.

A pergunta que não quer calar: se o júri o inocentou dos crimes mais graves, por que ele ainda está preso?

A resposta está no conjunto da obra — e não apenas nas manchetes.

O que pesou na decisão do juiz?

Segundo especialistas ouvidos pela BBC News, a permanência de Diddy sob custódia preventiva se dá por três fatores principais:
    1.    Gravidade dos fatos comprovados: Ainda que as condenações tenham sido por crimes considerados de menor gravidade em relação aos outros, o conteúdo dos depoimentos e das provas — incluindo vídeos de agressões, coerções sexuais e tentativas de suborno — indicam risco à integridade de vítimas e testemunhas.
    2.    Risco de fuga: Diddy é bilionário, possui jatos particulares e propriedades em diversos países. Para o juiz Subramanian, isso configura um risco real de evasão do sistema de Justiça, especialmente diante da possibilidade de uma pena de até 20 anos de prisão.
    3.    Natureza contínua dos crimes: O juiz considerou que os crimes pelos quais ele foi condenado não foram eventos isolados, mas parte de uma conduta repetitiva e sistemática ao longo de anos, envolvendo recursos, funcionários e estruturas profissionais.

Uma vitória parcial (mas com gosto amargo)

Do lado da defesa, a leitura é de que o veredito foi uma vitória parcial. As acusações mais pesadas, que poderiam levá-lo à prisão perpétua, caíram por terra — especialmente a de conspiração para extorsão, que exigia a comprovação de uma rede criminosa organizada.

“O crime de ‘racketeering’ exige não só prova de dois ou mais delitos, mas de uma verdadeira estrutura de poder paralela. O júri não viu isso”, explica Robert Mintz, ex-promotor federal.

No entanto, a imagem pública de Diddy já não sairá intacta. Os depoimentos de Cassie — grávida, chorando no tribunal — somados às gravações de vídeo em que o rapper aparece agredindo a modelo, foram devastadores para o astro que, por décadas, foi sinônimo de glamour e sucesso nos bastidores da indústria musical americana.

E agora?

Diddy segue detido desde setembro de 2024, e a sentença está marcada para 3 de outubro de 2025. A promotoria já indicou que pode pedir a pena máxima de 20 anos. Já a defesa estuda novos recursos, incluindo uma apelação para tentar reverter as duas condenações por transporte com fins de prostituição.

Enquanto isso, a pergunta ecoa: como um dos homens mais poderosos da música chegou até aqui? E mais: será que o império de Diddy resiste ao escândalo… ou estamos assistindo ao seu colapso definitivo?

A resposta — essa sim — ainda está por vir.

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