A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro em Belém, tem como foco as questões ambientais e sociais que envolvem a Amazônia, um bioma crucial para o debate sobre o aquecimento global. Apesar da importância do evento, moradores da Ilha do Combu, parte do território de Belém, enfrentam sérios desafios relacionados ao acesso à água potável e ao saneamento básico. As 39 ilhas que compõem a área insular representam 65% do município, mas ainda carecem de infraestrutura adequada.
Rosivaldo de Oliveira Quaresma, comerciante local, destaca que a população da ilha depende de água mineral, uma alternativa cara, já que a água do Rio Guamá é utilizada somente para atividades como lavagem de roupas e louças, após um tratamento caseiro. “Alguns turistas acham que a gente usa água do rio para fazer suco. A nossa água é desses tambores de 20 litros, que é caro para a gente”, explica Rosivaldo. A criação de um sistema mais eficiente de abastecimento de água e saneamento na ilha ainda depende de um planejamento ambiental mais abrangente.
Embora as ilhas não tenham sido incluídas nas obras planejadas para a COP30, os comitês organizadores anunciaram 30 intervenções na área continental de Belém, com foco em saneamento e drenagem. A Ilha do Combu possui um sistema de fossa séptica, mas a infraestrutura existente não atende adequadamente a crescente demanda turística. Exemplos como o da professora aposentada Ana Maria de Souza, que construiu uma fossa ecológica, mostram que iniciativas de inovação são necessárias para resolver os problemas de saneamento na região.
Com a realização de obras de canalização e instalação de sistemas de água e esgoto, a nova infraestrutura já está trazendo melhorias significativas para os moradores. Glaybson Ribeiro, residente há 25 anos na área, relatou que as inundações constantes eram um grande sofrimento, mas agora a situação melhorou consideravelmente. A presidente do comitê da COP30 no Pará, Hana Ghassan, afirmou que essas obras beneficiarão cerca de 900 mil pessoas, destacando a importância de um planejamento que atenda as necessidades básicas da população amazônica. A falta de informações detalhadas sobre o Plano de Manejo da Ilha do Combu, no entanto, ainda deixa muitas questões sem resposta.