Em 2024, os municípios de Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal, todos localizados no Piauí, destacaram-se como os quatro com os maiores aumentos proporcionais de desmatamento no Brasil. Este cenário contrasta com a tendência de queda no desmatamento observada em cinco dos seis biomas brasileiros, conforme aponta o levantamento do Mapbiomas. A pesquisa revelou que mais da metade (54%) dos 5.579 municípios brasileiros registrou pelo menos um evento de desmatamento validado no ano.
Esses municípios estão situados na região do Matopiba, que abrange partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Essa área é responsável por 42% da perda total de vegetação nativa do país e apresenta um desmatamento que corresponde a 75% da perda de vegetação no bioma Cerrado. Os dados foram apresentados no Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), lançado em 14 de maio, que também revelou que os estados do Matopiba e o Pará concentraram 65% da área total desmatada no Brasil.
Em comparação com os dados de 2023, o relatório mostrou que enquanto estados como Goiás, Paraná e Espírito Santo reduziram o desmatamento em mais de 60%, o Rio Grande do Sul e outros estados apresentaram um aumento significativo. A pesquisadora Natália Crusco destacou que os desmatamentos no Rio Grande do Sul foram exacerbados por eventos climáticos extremos, que resultaram na perda de mais de 2.800 hectares de vegetação nativa.
No total, em 2024, o Brasil desmatou 1.242.079 hectares, representando uma redução de 32,4% em relação ao ano anterior. A maioria das áreas desmatadas pertenceu à Amazônia e ao Cerrado, que juntos responderam por mais de 89% da perda de vegetação. Apesar das reduções observadas, o Cerrado se manteve como o bioma com a maior área desmatada, indicando a necessidade urgente de ações eficazes para conter essa tendência e proteger os ecossistemas locais.