Nesta segunda-feira (2), representantes da Rússia e da Ucrânia se reuniram em Istambul, na Turquia, para mais uma rodada de negociações com o objetivo de encerrar o conflito em curso entre os dois países. Durante o encontro, que começou com quase duas horas de atraso e durou apenas uma hora, a delegação russa entregou à parte ucraniana um memorando detalhado com os termos propostos por Moscou para um cessar-fogo total.
O assessor do Kremlin e chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, afirmou aos jornalistas que os russos também sugeriram um cessar-fogo temporário, com duração de dois a três dias em determinadas áreas estratégicas. No entanto, segundo o negociador ucraniano Rustem Umerov, a Rússia ainda recusa um cessar-fogo incondicional.
“Não houve nenhuma comunicação deles sobre o documento até hoje. Somente durante a discussão de hoje os russos entregaram o documento à nossa delegação”, declarou Umerov, reforçando que a análise da proposta deve levar cerca de uma semana para ser concluída pelas equipes técnicas da Ucrânia.
Proposta de cúpula entre líderes e nova troca de prisioneiros
Umerov destacou que todas as “questões-chave” nas negociações com a Rússia só podem ser resolvidas por meio de um encontro direto entre os líderes dos dois países. Por isso, propôs a realização de uma reunião entre os presidentes Volodymyr Zelensky (Ucrânia) e Vladimir Putin (Rússia) entre os dias 20 e 30 de junho. Ele também sugeriu a participação de outros líderes internacionais, incluindo o presidente dos Estados Unidos.
A Turquia, anfitriã das conversas, demonstrou apoio à iniciativa. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que pretende organizar uma reunião entre os líderes russos e ucranianos, e sugeriu ainda convidar o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, para participar. “Meu desejo é reunir Putin e Zelensky em Istambul ou Ancara. Também convidar Trump para esta reunião... Tomaremos medidas após as últimas conversas”, disse Erdogan.
Outro ponto discutido na reunião foi a realização de uma nova troca de prisioneiros. Ambas as delegações concordaram com a repatriação de combatentes feridos ou com menos de 25 anos. Além disso, os restos mortais de soldados caídos em combate também serão trocados. Segundo Medinsky, a Rússia deverá entregar cerca de seis mil corpos de soldados ucranianos.
Próximos passos indefinidos
Apesar do avanço em alguns aspectos humanitários e do início formal da entrega de termos escritos por parte da Rússia, as negociações em Istambul terminaram sem grandes definições políticas. O impasse em torno de um cessar-fogo incondicional e a necessidade de avaliação detalhada da proposta russa indicam que novos avanços dependerão, em grande medida, de decisões a serem tomadas em encontros de alto nível, ainda não confirmados.