Lula assume presidência do Mercosul e propõe uso de moedas locais no comércio

Na 66ª Cúpula do bloco em Buenos Aires, presidente também defendeu soberania digital

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quinta-feira (3), da 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada em Buenos Aires, capital da Argentina. O evento reuniu os líderes dos países membros e associados do bloco sul-americano para tratar de temas prioritários, incluindo comércio, soberania digital e desenvolvimento regional.
 

Foto: Reprodução/CNN Brasil
Lula e Milei

A cúpula marcou o encerramento da presidência temporária da Argentina no bloco e a transferência do cargo para o Brasil. Cada país membro assume a liderança por um período de seis meses. A gestão brasileira seguirá até dezembro de 2025.

Durante seu discurso de posse, Lula defendeu que os países do Mercosul adotem o uso de moedas locais nas transações comerciais internas, como forma de reduzir os custos operacionais e fortalecer a integração econômica regional. "Devemos criar mecanismos para diminuir nossa dependência de moedas externas nas trocas entre nossos países", destacou.

Outro ponto levantado pelo presidente brasileiro foi a necessidade de ampliar as relações comerciais com a Ásia, após os avanços recentes nos acordos com países europeus. Para ele, é fundamental que o Mercosul diversifique seus parceiros e amplie sua presença no mercado internacional.

Lula também enfatizou a importância de que os minerais críticos extraídos dos países do bloco sejam beneficiados localmente. A proposta visa garantir que o valor agregado fique na região, promovendo a geração de empregos, transferência de tecnologia e desenvolvimento sustentável.

"Não faz sentido que nossos recursos naturais sejam explorados apenas como commodities. Precisamos criar condições para transformá-los em oportunidades de emprego e renda para nossos povos", afirmou.

Além disso, o presidente brasileiro defendeu a instalação de centros de processamento de dados nos países do Mercosul, classificando o tema como uma questão de “soberania digital”. A proposta está alinhada ao crescente debate internacional sobre segurança da informação e autonomia tecnológica.

A nova presidência do Brasil no bloco será marcada, segundo Lula, por um esforço de fortalecimento institucional, ampliação das cadeias produtivas regionais e maior inserção do Mercosul no cenário geopolítico global.

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