Sérvia enfrenta onda de protestos e prisões após confronto com a polícia

Manifestantes exigem eleições antecipadas e denunciam corrupção no governo

Milhares de pessoas bloquearam ruas e pontes na Sérvia neste domingo (29) em resposta à prisão de dezenas de manifestantes que participaram de um grande protesto no sábado (28) na capital Belgrado. A mobilização, que teve início após um grave acidente atribuído à corrupção, exige eleições legislativas antecipadas e denuncia a legitimidade do atual governo.

Foto: Foto: Marko Drobnjakovic/Copyright 2025 The AP
Protestos na Sérvia

Durante os protestos, manifestantes ergueram barricadas com lixeiras e grades metálicas, impedindo o tráfego em pontos importantes da cidade, incluindo uma ponte sobre o rio Sava. Em Novi Sad, a segunda maior cidade do país, manifestantes atiraram ovos na sede do Partido Progressista Sérvio, legenda do presidente Aleksandar Vučić. A mídia local também registrou ações semelhantes em cidades menores.

A manifestação de sábado reuniu dezenas de milhares de pessoas. O estopim dos protestos foi o colapso do toldo de uma estação ferroviária recém-reformada em Novi Sad, em novembro de 2024, que resultou na morte de 16 pessoas. O caso gerou revolta e ampliou denúncias de corrupção contra o governo, que já enfrentava críticas há mais de oito meses.

Após o fim da manifestação oficial no sábado, houve confrontos violentos com a tropa de choque. A polícia usou gás pimenta, cassetetes e escudos, enquanto manifestantes revidaram com pedras e garrafas. Segundo o Ministério do Interior, 48 policiais ficaram feridos, além de 22 manifestantes que precisaram de atendimento médico. Ao todo, 77 pessoas foram detidas no sábado, e outras oito neste domingo. Do total, 38 continuam sob custódia e enfrentam acusações criminais.

Em entrevista coletiva neste domingo, o presidente Aleksandar Vučić acusou os organizadores da manifestação de incitarem a violência e de tentarem “derrubar o Estado”. O chefe de Estado prometeu mais prisões e disse que todos os envolvidos estão sendo identificados. Ele também citou o reitor da Universidade de Belgrado, Vladan Djokic, como um dos presentes no protesto.

Vučić e o Partido Progressista Sérvio descartaram a realização de novas eleições e acusaram os manifestantes de estarem agindo sob influência estrangeira, embora sem apresentar provas. Ainda assim, os protestos mostram um crescente descontentamento popular com o governo, acusado de má gestão, corrupção e autoritarismo.

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