Nas últimas horas, depois que a mídia começou a exibir um modelo da caneta Montblanc que Lula usou para assinar o termo de posse, domingo (1), como presidente da República, surgiram especulações de que o objeto não foi dado a Lula pelo piauiense Fernando Menezes, em 1989. À época Menezes não teria condições financeiras para comprar um presente tão caro. A não ser que fosse réplica.
Mas outra curiosidade ascendeu: em 2010, Lula fez alusão a mesma caneta (sem dizer onde ou de quem ganhou). Foi em 19 de fevereiro de 2010 em visita às instalações da fábrica de celulose branqueada de eucalipto da Fibria/Votorantim e da fábrica da International Paper do Brasil em Três Lagoas-MS.
A prefeita da cidade à época era Simone Tebet (2005-2010) e ele se dirigiu a ela contando a história da caneta, até mais para lembrar o nome do pai dela, senador Ramez Tebet, falecido.
A história contada por Lula em Três Lagoas é muito parecida com a que ele contou durante a posse, no Congresso Nacional. A diferença é que na posse, ele exibiu a suposta caneta. E disse que a ganhou de um “cidadão” durante comício em Teresina.
O cidadão em questão, Fernando Menezes, que foi líder estudantil, presidente do CCEP (Centro Colegial dos Estudantes Piauienses), não tinha condições financeiras para comprar uma caneta importada e dá-la de presente, segundo amigos de Fernando revelam hoje.
Veja o discurso de 2010
Está na biblioteca da Presidência da República o discurso feito por Lula na visita à feira em que ele se dirige à prefeita contando:
“Mas, Prefeita, você sabe que eu guardei uma caneta para tomar posse, desde 1989. Eu ganhei uma caneta, uma Mont Blanc bonita e eu falei: Essa caneta vai ser a caneta da minha posse. Só que eu perdi em 1989, e a caneta ficou guardada. Em 1994, eu disputei outra vez, a canetinha guardada, perdi as eleições. Em 1998, eu disputei outra vez, perdi as eleições, a canetinha guardada. Eu até comecei a pensar que a tinta já tinha endurecido e que não ia mais escrever, a caneta. Finalmente, em 2002, eu ganho as eleições, vou tomar posse, qual não é a minha surpresa, eu esqueci minha caneta. A caneta que esperou 12 anos, eu esqueci! E para tomar posse, eu assinei a minha posse com uma caneta que o então presidente do Senado, Ramez Tebet, me deu, e que está no arquivo presidencial, porque foi a caneta que surgiu para que eu pudesse assinar a minha posse.”
O modelo da Montblanc em questão teria sido lançado no mercado em 2002, três anos depois que Lula teria recebido o presente em Teresina.