A permanência de Carlos Lupi à frente do Ministério da Previdência está por um fio. Após o escândalo envolvendo irregularidades nos descontos indevidos de benefícios do INSS, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e membros do próprio PDT — partido de Lupi — passaram a defender abertamente sua saída do governo. A avaliação dominante, segundo fontes do Planalto, é que, embora não haja provas diretas de participação do ministro nas fraudes, sua omissão em conter a crise e a demora na substituição de dirigentes do instituto tornaram sua permanência insustentável.
Segundo apuração da Folha de S. Paulo, integrantes da base governista já consideram “iminente” a queda de Lupi, podendo ocorrer ainda nesta sexta-feira (2). A leitura interna é de que o ministro falhou em tomar medidas proativas, o que intensificou o desgaste político sobre o governo e alimentou pressões internas por mudanças na pasta.
Reportagem do g1 revela que o desconforto não se limita ao núcleo petista. Dentro do próprio PDT, há um consenso crescente de que a saída de Lupi seria o melhor caminho. Dirigentes do partido sugeriram que ele reassuma a presidência da sigla — da qual está licenciado — para se concentrar na consolidação do PDT como força de sustentação do governo no Congresso.
No Palácio do Planalto, já se dá como certa a saída do ministro. A expectativa é que Lula e Lupi se reúnam nos próximos dias para selar a transição. Interlocutores relatam, no entanto, que o ministro teme que seu afastamento seja interpretado como uma confissão de culpa pela opinião pública — o que vem adiando uma decisão formal.
A crise no INSS já gerou impacto orçamentário bilionário, além de desgaste institucional. Nos bastidores, o Planalto tenta conter os danos e prepara uma reformulação na estrutura da Previdência, incluindo a substituição de nomes técnicos e a revisão de acordos com entidades sindicais.
A saída de Lupi, se confirmada, poderá abrir espaço para uma rearrumação política mais ampla na Esplanada, em meio às articulações para fortalecer a base governista diante do avanço da oposição e da pressão por resultados concretos em áreas sensíveis como economia, segurança e políticas sociais.