O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou sua rede Truth Social na noite deste domingo (4) para defender uma medida polêmica: a criação de uma tarifa de 100% sobre todos os filmes produzidos fora do país e importados para o mercado americano. Segundo ele, o objetivo é conter o que chamou de "êxodo" da produção cinematográfica dos EUA para o exterior.
Em sua publicação, Trump afirmou que autorizou o Departamento de Comércio e o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) a dar início imediato ao processo. "Queremos filmes feitos na América, novamente!", escreveu.
A proposta, no entanto, enfrenta questionamentos técnicos e legais, já que filmes são considerados propriedade intelectual e não bens tangíveis, o que os torna, em regra, fora do escopo tradicional de tarifas comerciais. Apesar disso, o USTR reconhece que barreiras não tarifárias — como regras regulatórias e subsídios — podem interferir na concorrência internacional.
Nos últimos anos, países como Canadá e Irlanda têm atraído produções americanas ao oferecer incentivos fiscais generosos. Isso provocou uma movimentação de estúdios para cidades como Toronto e Dublin, longe de Hollywood. Para tentar conter essa migração, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, anunciou planos para ampliar os créditos fiscais estaduais destinados à indústria do entretenimento.
Trump alegou que a situação representa um risco à segurança nacional dos EUA. “É, além de tudo, mensagem e propaganda!”, declarou.
Embora o discurso traga tom alarmista, os dados mostram que o setor enfrenta desafios reais desde a pandemia. O número de filmes em cartaz diminuiu consideravelmente, e a bilheteria doméstica americana ainda não recuperou os níveis pré-Covid. Em 2018, a arrecadação foi de quase US$ 12 bilhões; em 2020, com os cinemas fechados, caiu para cerca de US$ 2 bilhões. Desde então, o valor não ultrapassou os US$ 9 bilhões anuais.