O senador do PT pelo Espírito Santo, Fabiano Contarato, aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, demonstrou estar com a consciência tranquila ao manter seu apoio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar fraudes no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Contarato foi o primeiro membro do Partido dos Trabalhadores a assinar o requerimento para a criação da CPI mista, que envolve deputados e senadores, e afirmou categoricamente que não pretende retirar sua assinatura.
Enquanto isso, o governo federal trabalha nos bastidores para adiar o processo de instalação da CPI, com o objetivo de ganhar tempo e rearranjar sua base aliada antes do início dos trabalhos. A criação da CPI do INSS requer uma sessão conjunta do Congresso Nacional, na qual o presidente Davi Alcolumbre faria a leitura do pedido para instalar a comissão.
Com a possível adiamento da sessão, a criação da CPI ficaria para o segundo semestre, a partir de agosto, após o recesso parlamentar. Essa estratégia lembra a postura adotada em 2023, quando o Palácio do Planalto adiou a CPI dos atos do dia 8 de janeiro para negociar termos mais favoráveis sobre a composição da comissão.
As investigações sobre as fraudes no INSS revelaram que milhões de aposentados e pensionistas foram vítimas de cobranças ilegais entre 2019 e 2024. Estima-se que mais de R$ 6 bilhões foram desviados por meio de convênios irregulares, resultando na exoneração do então presidente do INSS e na prisão de envolvidos no esquema.
Paralelamente, o Ministério da Previdência lançou um sistema para que beneficiários possam contestar descontos indevidos, bloqueando recursos de entidades sob suspeita. Órgãos como a Controladoria-Geral da União e o Tribunal de Contas da União também iniciaram investigações.
Os desdobramentos da CPI do INSS dependem da capacidade do governo de controlar a narrativa, garantir maioria na comissão e negociar o relatório final. A pressão da opinião pública e a fragilidade da base aliada tornam a situação mais complexa, com possíveis impactos políticos em um ano pré-eleitoral sensível.
Enquanto o PT mantém seu apoio à CPI, a oposição e os desafios políticos colocam em xeque a condução e os desfechos dessa investigação importante sobre o funcionamento do INSS e as fraudes envolvendo benefícios previdenciários no Brasil.