Mourão deverá explicar à PF pressão de Bolsonaro antes de depoimento

Ministro Moraes determina que ex-vice-presidente esclareça ligação com ex-presidente

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) será ouvido pela Polícia Federal em até 15 dias, a fim de esclarecer se sofreu alguma pressão do ex-presidente Jair Bolsonaro antes de depor ao Supremo Tribunal Federal (STF). A determinação foi feita pelo ministro Alexandre de Moraes, em resposta a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que levantou indícios de que Mourão poderia ter sido influenciado durante uma conversa com Bolsonaro, ocorrida antes de seu depoimento em 23 de maio.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Hamilton Mourão

A PGR apontou a possibilidade de que Mourão tenha sido orientado pelo ex-presidente, o que, se comprovado, poderia caracterizar tentativa de constrangimento ou coação de testemunha. Em seu parecer, a PGR expressou preocupações sobre a influência indevida que poderia ter comprometido a integridade do depoimento de Mourão, sugerindo que ele poderia ter sido submetido a pressão por parte de um dos réus no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Durante seu depoimento no STF, Mourão afirmou não ter conhecimento das reuniões de Bolsonaro com os comandantes das Forças Armadas após a derrota nas eleições. Ele relatou que, em conversas com o ex-chefe do Planalto, Bolsonaro estava "abatido" e não mencionou qualquer intenção de romper com a ordem democrática. Mourão enfatizou que, ao se encontrar com o presidente após as eleições, nunca foi abordado sobre medidas que pudessem representar uma ruptura com o status quo.

Na mesma sessão, Moraes também retirou o sigilo de gravações dos depoimentos de 52 testemunhas relacionadas ao núcleo central da trama golpista, que inclui Bolsonaro e membros de seu governo. Os depoimentos começaram em 19 de maio e foram finalizados na última segunda-feira. Os vídeos liberados mostram testemunhas confirmando que Bolsonaro apresentou argumentos e supostos estudos jurídicos que poderiam justificar a decretação de um estado de sítio e de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no país. O interrogatório dos oito réus do núcleo 1 está agendado para o dia 9 de junho, com o tenente-coronel Mauro Cid sendo o primeiro a depor.

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