Bolsonaro e sete réus iniciam interrogatório no STF sobre tentativa de golpe

Ex-presidente é acusado de liderar organização criminosa em 2022

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta segunda-feira, 9 de junho, o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus envolvidos na ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022. Esta é a primeira vez que o ex-chefe do Planalto e seus aliados estão no mesmo ambiente desde o término de seu governo. O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, conduzirá as oitivas, que podem se estender até sexta-feira.

Foto: Cristobal Herrera/EFE | Divulgação/TSE
Jair Bolsonaro (à esquerda) e Alexandre de Moraes (à direita).

O interrogatório começa com o tenente-coronel Mauro Cid, que firmou um acordo de delação premiada. Os demais réus serão ouvidos em ordem alfabética, e Bolsonaro será interrogado entre terça e quarta-feira. Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil, não estará presente fisicamente, pois está preso no Rio de Janeiro, e seu depoimento será realizado por videoconferência. A presença de Bolsonaro e dos outros réus no STF marca uma etapa no julgamento, onde eles enfrentarão acusações graves, como a tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta Bolsonaro como líder de uma trama golpista que visava se manter no poder e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, o grupo é acusado de ter planejado atos antidemocráticos, culminando nos eventos de 8 de janeiro de 2023. Os réus, que incluem figuras proeminentes da cúpula do governo Bolsonaro, enfrentam penalidades severas, e suas defesas tentam adiar o julgamento, solicitando acesso completo às provas coletadas, pedido negado por Moraes.

Durante os interrogatórios, os réus responderão a perguntas essenciais sobre sua participação nos crimes imputados. Embora estejam proibidos de se comunicar entre si, poderão se cumprimentar de forma discreta. O STF reforçou a segurança do prédio para este evento significativo, que contará com a presença de ministros da Primeira Turma e assessores, configurando um ambiente que se assemelha a um tribunal do júri. A conclusão dos interrogatórios será seguida pela votação do relator e manifestações dos demais integrantes da Turma, um processo que pode levar semanas até ser finalizado.

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