Uma nova abordagem terapêutica desenvolvida pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) demonstrou uma redução de 84% nas mortes por febre amarela em casos graves. A técnica, adaptada de protocolos para hepatites fulminantes, utiliza transfusões de plasma sanguíneo para aliviar a sobrecarga no fígado e dar ao organismo mais tempo para combater o vírus. Com isso, pacientes que antes dependiam de transplantes de fígado passaram a ter uma alternativa mais acessível e eficaz de tratamento.
Coordenada pela médica Ho Yeh-Li, a terapia com plasma é considerada simples e viável, com boa disponibilidade de materiais em hemocentros e equipamentos comuns em hospitais de alta complexidade. Contudo, a médica alerta que os resultados positivos dependem da agilidade no diagnóstico e encaminhamento.
No atual surto em São Paulo, 12 das 18 pessoas infectadas morreram, sendo que 11 delas não haviam sido vacinadas. Yeh-Li destacou que muitos pacientes chegam tardiamente aos hospitais especializados devido à falta de treinamento em unidades de saúde primárias e secundárias.
Os dados preocupantes em São Paulo motivaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) a emitir um alerta para viajantes no último dia 14. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, a maioria dos casos teve como provável local de infecção a região de Campinas, enquanto outros foram registrados em áreas como Bauru, Piracicaba e São José dos Campos. Além disso, 36 casos de febre amarela foram confirmados em primatas não humanos, fato que reforça a importância da vigilância epidemiológica e da vacinação.
Especialistas continuam destacando a eficácia da imunização como principal medida preventiva contra a febre amarela. Em 2024, apenas dois casos humanos foram registrados em São Paulo, enquanto o aumento em 2025 já evidencia a necessidade de intensificar a cobertura vacinal. A terapia com plasma, embora promissora, mostra a importância de ações coordenadas entre diagnóstico precoce, tratamento adequado e campanhas de vacinação para controlar a disseminação da doença e salvar vidas.