A Geração Z, composta por jovens nascidos entre 1995 e 2010, têm mostrado preocupação crescente com a manutenção de hábitos saudáveis, como mostra um estudo recente do Instituto Europeu para Inovação & Tecnologia (EIT).
Os dados apontam que mais de 70% dos jovens entre 18 e 24 anos se esforçam para consumir alimentos saudáveis em casa, enquanto mais da metade (52%) monitora o consumo alimentar. Com isso, o transplante renal e outras intervenções médicas complexas podem ser evitados, já que a adoção desses hábitos é considerada uma forma de prevenção.
O “V Estudo Saúde Ativa Gerações” revela uma mudança nos hábitos da Geração Z. Diferente dos pais e avós, os “Zs” lideram o combate ao sedentarismo e demonstram interesse em atividades físicas regulares.
“Os jovens da Geração Z são proativos, independentes, querem contribuir para a transformação do mundo e não ser apenas parte do todo”, destaca estudo da consultoria Page Talent. A consulta com um ginecologista e outros especialistas faz parte da rotina de cuidados que muitos incorporaram.
O contraste comportamental em relação às gerações anteriores é flagrante. Enquanto 86% dos jovens Z afirmam nunca ter fumado, quase metade (48,1%) dos Baby Boomers (50-68 anos) já experimentou o cigarro, segundo o levantamento
Mercado deve responder às novas demandas
A Euromonitor identificou, em 2023, que um terço dos jovens brasileiros da Geração Z prefere alimentos 100% naturais. Não por acaso, o mercado de alimentação saudável já movimentava R$100 bilhões no país em 2021, com projeção de crescimento de 27% até 2025.
A pesquisadora e vice-coordenadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, Margarete Boteo, sugere em entrevista à imprensa, parcerias com a indústria de congelados e minimamente processados para desenvolver alternativas que atendam a busca por praticidade sem comprometer a qualidade nutricional: sucos naturais, frutas cortadas, saladas prontas e legumes congelados estão entre as possibilidades.
Uma mão na consciência, outra na sobremesa
Curiosamente, a mesma geração que valoriza a alimentação saudável é também a que mais consome doces e sobremesas no Brasil. Um estudo da Mintel, intitulado Indulgence has no limit for Generation Z, revela o comportamento aparentemente contraditório: 79% dos jovens Z consumiram sorvete nos três meses anteriores à pesquisa, com bolos (77%), chocolates (75%) e biscoitos (64%) completando o ranking de preferências.
“Os consumidores mais jovens não estão dispostos a comprometer o sabor”, aponta a pesquisa. Essa aparente incoerência pode ser um exemplo de que, para os Z, o equilíbrio substitui o radicalismo alimentar. No lugar de dietas restritivas, prevalece uma relação mais flexível com a comida, em que tanto a nutrição quanto o prazer têm seu espaço.