A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do medicamento Mounjaro, da farmacêutica norte-americana Lilly, como auxiliar no tratamento da obesidade e do sobrepeso. A decisão amplia a aplicação do fármaco, que até então estava liberado apenas para tratamento de diabetes tipo 2 no Brasil desde 2023.
Indicações clínicas
A nova indicação permite que o Mounjaro seja prescrito mesmo para pessoas sem diabetes, desde que elas apresentem:
Índice de massa corpórea (IMC) igual ou superior a 30 kg/m², caracterizando obesidade; ou
IMC igual ou superior a 27 kg/m², na faixa de sobrepeso, desde que associada a comorbidades como hipertensão, dislipidemia ou apneia do sono.
O endocrinologista Alexandre Hohl, diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), explica que a aprovação amplia significativamente o arsenal terapêutico para o combate ao excesso de peso.
“A tirzepatida é inovadora porque atua por meio de dois hormônios, GLP-1 e GIP, o que potencializa seus efeitos. Esse avanço consolida uma nova geração de medicamentos que podem transformar a vida de quem convive com obesidade”, afirmou.
Preço e limitações
Apesar da aprovação, o alto custo do Mounjaro ainda é uma barreira para muitos pacientes. A dose mensal varia entre R$ 1.400 e R$ 2.300, dependendo da dosagem. Em comparação, medicamentos com outras moléculas utilizadas no controle do peso têm preços entre R$ 600 e R$ 1.000.
Segundo o endocrinologista Fábio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a eficácia do Mounjaro já foi comprovada em diversos estudos clínicos, mas o tratamento exige comprometimento do paciente.
“É essencial manter uma alimentação equilibrada e praticar atividade física. O remédio sozinho não é suficiente. Além disso, ele pode causar efeitos colaterais gastrointestinais, apesar de ser considerado seguro para os rins, fígado, coração e até sob o ponto de vista psiquiátrico”, explicou.
Moura alerta ainda que o Mounjaro não é indicado para gestantes ou lactantes, já que não há estudos clínicos suficientes com esse público.