Segundo ministra do MCTI, Brasil terá DeepSeek como referência para I.A própria
Luciana Santos destaca que Brasil pode competir no setor de IA, aproveitando modelo chinês como referência, mas com soluções próprias
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, afirmou em entrevista à CNN que o Brasil pretende desenvolver seus próprios modelos de inteligência artificial (IA), embora se inspire em soluções avançadas como a chinesa DeepSeek. Segundo a ministra, a abordagem adotada pela startup asiática demonstra que é possível para países emergentes competirem no setor, mesmo com menos recursos.

“A gente quer desenvolver nossos próprios modelos. Mas é óbvio que a gente bebe na fonte daquilo que é mais avançado, até para ter agilidade no desenvolvimento”, declarou Luciana Santos.
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A percepção do governo é de que a DeepSeek mostrou que o alto volume de investimentos não é um impeditivo absoluto para países emergentes avançarem em IA. A startup chinesa, sediada em Hangzhou, lançou recentemente um assistente digital gratuito que, segundo seus desenvolvedores, consome menos dados e possui um custo inferior ao de modelos ocidentais consagrados, como o ChatGPT. O sucesso rápido da DeepSeek levanta questionamentos sobre a sustentabilidade dos investimentos de grandes corporações, como Apple e Microsoft, no setor.
“O aspecto que considero mais importante é: há um debate de que o volume de investimentos necessário para competir em IA seria inalcançável para emergentes. A DeepSeek conseguiu, com menos recurso, ter a mesma resposta que ChatGPT e outras. Isso reforça a viabilidade do que planejamos”, completou a ministra.
Investimentos no setor de IA no Brasil
O governo brasileiro aposta na estrutura já instalada no país e em incentivos estratégicos para viabilizar o desenvolvimento de IA. Um dos fatores destacados pela ministra como diferencial do Brasil é a disponibilidade de energia limpa e água, recursos essenciais para a tecnologia.
Em 2023, o MCTI apresentou um plano de investimento de R$ 23 bilhões para o setor entre 2024 e 2028. Desse total, aproximadamente R$ 14 bilhões serão aplicados em projetos de inovação empresarial, enquanto mais de R$ 5 bilhões serão destinados à infraestrutura e desenvolvimento de IA. Segundo o governo, essa quantia coloca o Brasil em níveis de investimento similares aos planejados por países europeus, embora ainda distantes dos aportes realizados por Estados Unidos e China.
“Quando concebemos o plano, reforçamos que não havia razão para estar atrás nesta corrida tecnológica”, afirmou a ministra.
Brasil e a estratégia de "catch-up" tecnológico
Em entrevista à CNN, o secretário de Inovação do Ministério da Indústria e Comércio (Mdic), Uallace Moreira, destacou que o Brasil está utilizando uma estratégia de "catch-up" tecnológico. Esse conceito se refere a países de industrialização tardia que buscam reduzir a distância em relação a nações desenvolvidas por meio da adoção de soluções inovadoras e otimizadas.
“O Brasil está entre os países emergentes com capacidades internas preparadas para, com os incentivos adequados, aproveitar janelas de oportunidade em tecnologias disruptivas”, explicou Moreira.
A perspectiva do governo é de que, ao adotar um modelo eficiente de desenvolvimento, com foco em inovação e infraestrutura, o Brasil possa reduzir sua dependência de tecnologias estrangeiras e consolidar sua própria posição no cenário global de inteligência artificial.
Fonte: CNN Brasil