Governo teme desvio de importações da China ao Brasil após tarifaço dos EUA

Alta de tarifas dos EUA sobre produtos chineses acende alerta para possível impacto na indústria brasileira

Por Carlos Sousa,

O governo brasileiro está em alerta com a possibilidade de aumento expressivo na entrada de produtos importados no país, especialmente de origem chinesa, como efeito colateral das recentes tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre bens vindos da China. O receio é que os produtos que seriam originalmente destinados ao mercado norte-americano passem a ser direcionados ao Brasil, gerando concorrência desleal com a indústria nacional.

Foto: ReproduçãoRelações Brasil e China
Relações Brasil e China

A situação está sendo monitorada de perto pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), chefiado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. O temor é de que a oferta excessiva de produtos estrangeiros, com preços mais competitivos, comprometa setores produtivos brasileiros, pressionando a indústria local.

Durante um seminário do Conselho Empresarial Brasil-China, realizado na última quinta-feira (10), a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, destacou que o cenário atual é instável e em constante transformação.

“Há preocupações com o risco de desvio de comércio para o Brasil. O vice-presidente falou: ‘estamos monitorando mudanças significativas, atípicas nos fluxos de comércio’. Estamos fazendo isso”, disse.

Ela também ponderou que, embora o momento exija cautela, essas mudanças podem também representar oportunidades para o Brasil, dependendo de como o país se posicionar em meio à disputa comercial entre as duas potências.

Apesar da preocupação, o governo evita se pronunciar oficialmente com maior profundidade, buscando não se precipitar diante de uma conjuntura tarifária internacional volátil, que sofre alterações frequentes.

Reunião bilateral com a China

Na sexta-feira (11), Alckmin participou de uma reunião virtual com o ministro do Comércio da China, Wang Wentao. O encontro tratou da relação comercial entre os dois países, além de abordar os impactos das mudanças tarifárias globais.

Segundo nota oficial, ambos os representantes destacaram a importância do multilateralismo e defenderam o fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC) como instrumento regulador do comércio global.

China e Brasil: números do comércio bilateral

A relação entre os dois países tem ganhado força ao longo das últimas décadas. Segundo dados do MDIC:

Em 1974, o Brasil importava da China apenas US$ 2 milhões em produtos;

Em 2023, esse valor chegou a US$ 64 bilhões, com foco em bens de capital e insumos industriais;

No mesmo período, as exportações brasileiras para a China passaram de US$ 19 milhões para US$ 94 bilhões — com destaque para soja, petróleo e minerais.

Atualmente, a China é a principal origem das importações em 16 estados brasileiros, o que reforça sua importância no mercado nacional e acentua o impacto potencial de um eventual redirecionamento comercial.

Estados onde a China lidera as importações

Veja a lista dos estados brasileiros que têm a China como principal origem de importações:

Acre
Alagoas
Amazonas
Amapá
Bahia
Ceará
Espírito Santo
Goiás
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Minas Gerais
Pará
Paraná
Piauí
Rondônia
São Paulo

O governo federal continua acompanhando de perto a movimentação internacional e os reflexos internos. As decisões sobre medidas comerciais de proteção ou incentivo devem ser tomadas com base na evolução dos fluxos e nos impactos efetivos sobre a economia nacional.

Fonte: CNN Brasil

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