Relação difícil com o prefeito e na FMS levam Charles a sair de novo

Em menos de 7 meses esta é a terceira vez que ele anuncia a saída da função

O presidente de Fundação Municipal de Saúde de Teresina, Charles Silveira, vai deixar, desta vez em definitivo, o cargo. Esta é a terceira vez que ele anuncia a saída da função, equivalente à de secretário municipal de Saúde da capital do Piauí, sendo a segundo apenas uma licença e a de agora uma decisão sem volta.

Foto: Reprodução
Charles da Silveira


Silveira alegou para seu pedido de exoneração "divergências na forma de administrar a pasta". Na primeira vez que apresentou sua demissão ao prefeito Silvio Mendes (União Brasil), ele usou a mesma expressão.
As divergências têm um nome e sobrenome: o vice-prefeito de Teresina, Jeová Alencar (Republicanos), que tem o controle da máquina administrativa da Fundação e, com isso, manteve, por exemplo, os mesmos fornecedores de insumos, nem sempre a custo favorável aos cofres municipais, segundo comentários correntes nos bastidores do poder municipal.

Antes de deixar o cargo, Charles Silveira reuniu dirigentes da Fundação Municipal de Saúde e de unidades hospitalares para externar seu incômodo com as condições em que estava atuando, com autonomia limitada pelas ações do vice-prefeito e com relacionamento difícil com o prefeito Silvio Mendes.
Sílvio Mendes, aliás, foi econômico nas palavras sobre o pedido de exoneração do auxiliar: "Recebi o pedido e só me cabe aceitar. Já estamos em busca de um novo gestor", disse.


        A saída do professor Charles Silveira da presidência da Fundação Municipal de Saúde (FMS) não é apenas uma troca de comando, é um terremoto técnico e político na rede hospitalar de Teresina. Em carta de despedida, Charles atribuiu sua exoneração a divergências sobre a condução da gestão, mas fez questão de frisar que deixa um legado estruturado em planos de curto, médio e longo prazo. Sua gestão, iniciada em janeiro de 2025, encontrou uma rede de saúde em colapso e entregou, em seis meses, uma extensa lista de melhorias que vai da reativação de consultórios odontológicos à instalação de monitores cardíacos nas UPAs.

O movimento natural, após sua saída, é a de que nomes indicados diretamente por ele também deixem seus postos e, entre eles está a diretora de Assistência Hospitalar, Gina Nogueira, considerada um dos pilares técnicos da equipe. Gina, responsável por montar parte expressiva das atuais equipes da fundação, pode ser a próxima a sair. E com ela, abre-se a porteira para uma reformulação profunda nos cargos de confiança da saúde municipal.

A presidência da FMS será assumida interinamente pelo dentista Francisco Pádua, que agora terá o desafio de manter ou reformular o arranjo técnico montado nos últimos seis meses.

Nos bastidores, há quem enxergue nesse movimento uma inflexão na política de saúde da capital, com potencial impacto direto no atendimento à população. Mudança de rumos ou ruptura de projeto? A resposta virá nos próximos atos e nos corredores dos hospitais.

-José Ribas Neto

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