STF torna Bolsonaro e mais sete réus por tentativa de golpe

Com quatro votos favoráveis a denúncia da PGR se aproxima de ação penal contra os acusados

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, nesta quarta-feira (26), para tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados réus por tentativa de golpe de Estado em 2022. A decisão ocorre após quatro dos cinco ministros do colegiado votarem pelo recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Foto: Gustavo Moreno/STF
Maioria dos ministros da Primeira Turma do STF votou pela aceitação da denúncia da PGR sobre tentativa de golpe, tornando Jair Bolsonaro réu

Os votos favoráveis foram dados pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia. Resta apenas o posicionamento do ministro Cristiano Zanin. Se a maioria for confirmada, os denunciados passarão a responder a um processo penal, podendo ser condenados a penas de prisão.

Quem são os denunciados?

A PGR acusa oito pessoas de integrarem um "núcleo crucial" da tentativa de ruptura democrática, sendo eles:

A PGR argumenta que o grupo teria atuado de forma coordenada para desacreditar o sistema eleitoral e viabilizar um golpe de Estado, utilizando as Forças Armadas para tentar manter Bolsonaro no poder mesmo após sua derrota nas eleições.

Os votos dos ministros

Alexandre de Moraes (relator)

O ministro Alexandre de Moraes abriu a votação com um extenso voto de 1h50min, defendendo o recebimento da denúncia. Ele destacou que:

"Não houve um domingo no parque", afirmou Moraes ao citar os atos de vandalismo ocorridos em Brasília.

Flávio Dino

O ministro Flávio Dino seguiu o relator e enfatizou que as defesas não negaram a tentativa de golpe, mas buscaram isentar seus clientes de culpa. Ele apontou que:

"Se fosse consumado, não teria juízes para julgar", alertou Dino.

Luiz Fux

O ministro Luiz Fux consolidou a maioria favorável ao recebimento da denúncia, mas divergiu quanto ao local de julgamento, defendendo que a decisão deveria ser do plenário do STF e não da Primeira Turma.

Entre os pontos principais do seu voto, Fux ressaltou que:

"Todo crime tem atos preparatórios. Todo crime tem tentativa. Está na lei", argumentou.

O que acontece se a denúncia for aceita?

Caso o ministro Cristiano Zanin também vote pelo recebimento da denúncia, os oito investigados passarão à condição de réus. Isso significa que uma ação penal será aberta, permitindo que PGR e defesas apresentem provas e depoimentos.

Ao final do processo, os ministros do STF decidirão se houve crime e, em caso de condenação, quais serão as penas aplicadas.

Acusações e crimes apontados pela PGR

A Procuradoria-Geral da República acusa Bolsonaro e seus aliados de formar uma organização criminosa para promover um golpe de Estado. Os crimes imputados são:

O que dizem as defesas?

Os advogados dos acusados argumentaram que a denúncia da PGR é inepta e pediram sua rejeição. Durante a sessão desta terça-feira (25), as defesas alegaram que:

Próximos passos

A votação será concluída com o voto do ministro Cristiano Zanin. Caso a denúncia seja aceita, Bolsonaro e seus aliados enfrentarão uma ação penal que pode resultar em penas de prisão.

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