O caso da vereadora Tatiana Medeiros expõe isso de maneira vergonhosa. Ela até hoje está presa preventivamente. Isso é prevenção de nova compra de voto em época que não é de eleição? Afinal de contas o período eleitoral passou há bastante tempo e sequer existe Ação de Investigação Eleitoral (AIJE) e/ou Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) proposta contra a vereadora para justificar suposto crime eleitoral.
Qual o perigo social que esta senhora causa que possa justificar a manutenção da sua prisão, tida e havida como ilegal? Enquanto outros(as) tantos(as) com práticas piores do que a dela estão de terno e gravata no exercício de mandatos! E de cargos pomposos!
Basicamente, por compra de votos, claramente a vereadora está tendo um tratamento absurdamente duro, desumano e discriminatório pelo fato de ter tido contato com algo que a sociedade não tolera, as Facções Criminosas ligadas ao tráfico de drogas e afins.
Óbvio que pelo que se sabe até agora fica muito claro que a probabilidade de a polícia ter acessado provas de supostos crimes eleitorais de outras ordens é alta. Lembrando que a ideia aqui não é defender que a vereadora não cometeu crime, longe disso, mas, cobrar a mesma contundência com outros(as) que fazem e fizeram pior do que ela e nenhuma investigação sofreram ou sofrem.
Quando se percebe que a Câmara de Vereadores da Capital nada fez para atacar o mandato da vereadora, fica claro que muitos dentro daquela Casa nem dormem só em pensar que podem passar por 10% das investigações que a vereadora sofreu, não por ser vereadora, mas por ter tido relação com facções criminosas. É de se desconfiar que Tatiana só teve sua vida espionada só por isso, mas, jamais, por questões eleitorais. É uma conjectura que salta aos olhos de qualquer mediano observador.
isso veio muito por provas colhidas em procedimentos que apuravam crimes de membros de facções. A vereadora, por infelicidade, teve contato com uma parte da sociedade que ninguém tolera.
Não há como se comparar o tratamento dado ao tráfico de drogas com outros crimes cometidos por figuras do poder político e econômico.
O Judiciário e as instituições de controle frequentemente demonstram rigor extremo e até mesmo criatividade jurídica para punir crimes ligados ao tráfico, enquanto mostram complacência, isso mesmo, morosidade e/ou até benevolência diante de delitos graves e pesados praticados por políticos graúdos, grandes empresários ou pessoas influentes. Os crimes de colarinho branco que recebem um manto poderoso! Hein?!
A seletividade se torna ainda mais evidente quando se observa a atuação das instituições diante de crimes eleitorais. Neste momento, usam emendas parlamentares para ter o apoio dos elementos desse mesmo legislativo. Rasgam-se milhões e não se sabe se o aliciador e aliciados estão sendo investigados.
Prisões em flagrante por compra de votos, especialmente quando envolvem facções criminosas ou pessoas de baixa renda, são amplamente divulgadas e tratadas com todo o rigor da lei, como é o caso de Tatiana. Já políticos investigados por corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro ou organização e associação criminosa "alta plumagem" raramente enfrentam o mesmo destino de Tatiana. Seja por falta de provas robustas, seja por manobras processuais ou por influência política direta ou indireta. Ou, pasmem, pelo simples fato de se "relativizar ou normalizado" o mau uso de dinheiro público para fins eleitorais.
Fica a pergunta: Qual é a diferença entre esses bandidos? Pura hipocrisia Social e das instituições, até mesmo do Judiciário, que mandou o ex-presidente Collor cumprir pena em casa sem ter passado um dia sequer na cadeia, enquanto Tatiana, advogada e mãe, com mandato eletivo, não teve a mesma sorte, ao mesmo tempo que seus colegas veem com 'temor horripilante' a sua trágica história.
Qualquer político ou operador do Direito sabe que Tatiana não representa nem um décimo do que boa parte dos seus colegas de Câmara representam. Sem se falar nos prefeitos eleitos no Piauí e no Brasil a fora.
A hipocrisia do caso poderia ter levado a advogada a óbito! Por muito pouco algumas mãos que poderiam ter pelo menos equalizado essa situação e permitido que a vereadora respondesse seu processo cumprindo outras medidas, não se sujaram de sangue, pois a vereadora foi internada com suspeita de ter tentado tirar a sua própria vida.
Essa fratura expõe a incoerência de um sistema que se diz defensor da lei. Mas que, na prática, legitima a impunidade dos privilegiados e reserva a repressão máxima para os marginalizados. Não se trata de defender qualquer tipo de crime, mas de exigir coerência, isonomia e justiça real das instituições. Afinal, o caso Tatiana clama por "paridade de armas"!
O Judiciário e os órgãos de controle devem ser cobrados para que atuem com o mesmo rigor, transparência e respeito à legalidade em todos os casos, independentemente do perfil social, político ou econômico do acusado.
Enquanto a sociedade aceitar a criminalização seletiva — endurecendo em relação a uns e sendo condescendendo com os crimes dos poderosos —, continuará alimentando um sistema desigual, violento e, sobretudo, hipócrita. Lamentavelmente!