Superdotação é vista como neurodivergência por especialista em Teresina

Olzeni Ribeiro discute mitos e subnotificação sobre superdotação no Brasil

A questão da superdotação e sua correta identificação foi tema de um debate importante em Teresina, onde Olzeni Ribeiro, neuropsicopedagoga e doutora em educação, destacou que a superdotação deve ser entendida como uma neurodivergência e não como um simples talento. Em entrevista ao programa Bom Dia Assembleia, apresentado pela jornalista Juliana Arêa Leão, Olzeni afirmou que, de acordo com a Mensa Brasil, cerca de 5 mil brasileiros foram reconhecidos como superdotados até 2024, colocando o Brasil na sexta posição global nesse aspecto. No entanto, a identificação de pessoas com altas habilidades ainda enfrenta mitos e subnotificação.

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A especialista enfatizou que o maior equívoco reside em ver a superdotação como uma conquista ou um talento. “A superdotação é uma condição do neurodesenvolvimento, uma neurodivergência genética, com modificações cerebrais que afetam a forma de pensar, sentir e se relacionar com o ambiente. Não é visível a olho nu, e por isso muitas vezes passa despercebida”, explicou Olzeni. 

Outro ponto abordado na entrevista foi a confusão gerada pelo uso dos termos “altas habilidades” e “superdotação” na legislação brasileira. Olzeni esclareceu que, enquanto habilidades podem ser treinadas, a superdotação não é fruto de treino. “Quando se usa o termo ‘habilidade’, cria-se a expectativa de ver algo extraordinário, e nem sempre isso é visível”, disse. Essa confusão pode levar à desinformação e à má interpretação do que realmente significa ser superdotado.

Além disso, Olzeni Ribeiro alertou que comportamentos muitas vezes confundidos com transtornos, como birras intensas, crises emocionais e dificuldades de adaptação a ambientes rígidos, não são sinônimos de superdotação. “Superdotação não é transtorno nem comportamento. É uma forma diferente de processar o mundo. O problema é o ambiente que não acolhe essa diferença”, destacou. 

Veja a entrevista da íntegra:

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